Diplomacia

Biden e Xi concordam em organizar uma cúpula presencial

Líderes se reuniram por telefone nesta quinta-feira (28)

Os presidentes dos Estados unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping em videoconferênciaOs presidentes dos Estados unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping em videoconferência - Foto: Mandel Ngan, Anthony Wallace / AFP

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu colega chinês, Xi Jinping, concordaram, nesta quinta-feira (28), em organizar o que seria a primeira cúpula presencial entre os dois líderes desde que o americano assumiu o cargo, informou uma funcionária americana.

Durante uma conversa por telefone, Biden e Xi "falaram sobre o valor de se encontrar pessoalmente" e concordaram que suas equipes encontrem o momento certo para fazê-lo, disse a funcionária, que pediu anonimato, a repórteres.

Os dois lados classificaram o telefonema - o quinto encontro virtual entre os dois - como "franco", um termo diplomático que significa que muitos desentendimentos permanecem.

A agência de notícias estatal Xinhua informou que o presidente chinês alertou Biden sobre Taiwan, que Pequim considera como parte de seu território e que quer recuperar, se necessário à força.

"Aqueles que brincam com fogo vão acabar se queimando", disse Xi a Biden, usando a mesma expressão que usou em uma conversa entre os dois em novembro.

"Espero que a parte americana entenda isso perfeitamente", completou Xi, cujo país ameaça há dias com "consequências" caso a chefe da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, seguir adiante com os planos de viajar a Taiwan em visita oficial.

Segundo a Casa Branca, Biden disse a Xi que os Estados Unidos "não mudaram" sua posição sobre Taiwan e "se opõem fortemente aos esforços unilaterais para mudar o status da ilha e minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan".

Os Estados Unidos reconhecem o regime chinês desde 1979, de acordo com o princípio de "uma só China", cuja capital é Pequim. Washington não reconhece oficialmente Taiwan como Estado, mas apoia a ilha militarmente.

A China considera a ilha como uma de suas províncias históricas e reivindica sua soberania. Opõe-se, portanto, a qualquer iniciativa que dê legitimidade internacional às autoridades taiwanesas e a qualquer contato oficial entre Taiwan e outros países.

Embora autoridades americanas de alto escalão visitem frequentemente Taiwan, a China considera a viagem de Pelosi, uma das principais personalidades do Estado, uma grande provocação.

O chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, general Mark Milley, disse à imprensa que, se Pelosi pedir "apoio militar", ele "fará o que for necessário" para garantir que transcorra com segurança.

Sem mudanças nas tarifas

As tensões em torno desta viagem são apenas parte do problema. Os Estados Unidos temem que o presidente Xi esteja considerando o uso da força para impor o controle sobre Taiwan.

Até pouco tempo atrás, uma invasão era considerada improvável, mas os observadores estão mudando de ideia e não descartam mais essa hipótese.

As declarações contraditórias de Joe Biden sobre Taiwan (em maio disse que os Estados Unidos defenderiam a ilha e, mais tarde, a Casa Branca insistiu em que estava mantendo a chamada política de "ambiguidade estratégica") não ajudaram.

Segundo a Casa Branca, o principal objetivo de Biden é estabelecer "salvaguardas" para as duas superpotências para evitar um conflito aberto.

Nenhuma decisão foi tomada na conversa desta quinta-feira sobre a questão das tarifas de 25% impostas pelo ex-presidente americano, Donald Trump, sobre bilhões de dólares em produtos chineses.

Sobre o tema, Biden levantou preocupações com Xi "sobre as práticas injustas da China que prejudicam trabalhadores e famílias americanas, mas não discutiu possíveis medidas que poderia tomar", declarou a funcionária americana aos jornalistas.

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