Biden faz apelo emotivo contra armas de fogo nos EUA
Biden classificou como "inconcebível" a recusa da maioria dos senadores republicanos a votar normas mais rígidas sobre as armas de fogo
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu nesta quinta-feira (2) aos congressistas ações contra a violência com armas de fogo que atinge o país, e pediu a proibição da venda de armas de assalto como as usadas nos massacres ocorridos nos estados do Texas e de Nova York.
Biden pronunciou na Casa Branca um discurso transmitido pela TV em que apareceu na frente de 56 velas acesas, que representavam os estados e territórios americanos que sofrem com a violência armada.
"Quantas matanças mais estamos dispostos a aceitar?", questionou Biden, com uma voz que denotava irritação e que, por vezes, tornava-se quase um sussurro.
My fellow Americans — enough.
— President Biden (@POTUS) June 3, 2022
It’s time for each of us to do our part. It’s time to act.
For the children we have lost, for the children we can save, for the nation we love — let us hear the call and cry, let us meet this moment, let us finally do something.
Biden classificou como "inconcebível" a recusa da maioria dos senadores republicanos a votar normas mais rígidas sobre as armas de fogo. "É hora de o Senado fazer alguma coisa", advertiu o presidente democrata, ressaltando que os congressistas "não podem falhar novamente com o povo americano".
O presidente americano acrescentou que, caso a proibição não seja obtida, a idade para comprar essas armas deveria aumentar de 18 para 21 anos.
Tonight, I’m addressing the nation on the recent tragic mass shootings, and the need for Congress to pass commonsense laws to combat the epidemic of gun violence. https://t.co/qkMEGKhsqH
— President Biden (@POTUS) June 2, 2022
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Biden também pediu um aumento do controle dos antecedentes de compradores de armas, a proibição da venda de carregadores de grande capacidade e a obrigação de armazenar armas com segurança, e sugeriu a responsabilização das fabricantes por crimes cometidos com seus produtos.
"Nas últimas duas décadas, mais crianças em idade escolar morreram por causa de armas de fogo do que policiais e militares na ativa juntos. Pensem nisso", pediu Biden.
Enquanto os republicanos se recusam a endurecer as leis sobre armas, um grupo bipartidário de senadores conversou nesta quinta-feira sobre um pacote de controle de armas. Eles se concentraram na segurança escolar, no reforço dos serviços de saúde mental e nos incentivos para que os estados concedam aos tribunais autoridade para confiscar temporariamente as armas de pessoas consideradas uma ameaça, uma medida que Biden também pediu em seu discurso.
A republicana moderada Susan Collins disse que o grupo estava fazendo "rápidos progressos", enquanto o senador democrata Chris Murphy declarou que "nunca havia visto tantos republicanos sentados na mesa e dispostos a dialogar". "Algo diferente está acontecendo agora mesmo e espero que isso resulte em uma lei no Senado", disse Murphy à emissora MSNBC na quarta-feira.
Os congressistas estão conscientes de que correm o risco de perder o impulso se a urgência de reformas desatada pelos massacres se dissipar, e outro grupo menor está realizando discussões paralelas sobre a ampliação da verificação de antecedentes de compradores de armas.
O desafio político de legislar em um Senado dividido em partes iguais (50-50), onde a maioria dos projetos de lei precisa de 60 votos para a aprovação, significa que reformas de maior alcance têm poucas chances de prosperar.
Mitch McConnell, líder dos senadores republicanos, afirmou aos jornalistas que os congressistas estão se concentrando na "saúde mental e na segurança nas escolas", e não nas armas.
Por outro lado, os democratas na Câmara dos Representantes estão dispostos a aprovar uma lei muito mais ampla, mas, em grande medida, simbólica, que incluiria subir de 18 para 21 anos a idade mínima para comprar fuzis semiautomáticos.
A proposta provavelmente será aprovada na Câmara na próxima semana, antes de ser enterrada pela oposição republicana no Senado.