Biden faz apelo por uso de máscaras e promete vacina de graça contra Covid-19
Como tem feito desde o início da campanha, Biden tenta estabelecer um contraste com o comportamento de Donald Trump
O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, fez um apelo nesta segunda-feira (9) para que os americanos usem máscara como forma de barrar a disseminação da Covid-19 e disse que, em seu governo, uma vacina contra a doença será distribuída de forma gratuita.
"Eu imploro, use a máscara. Faça por você, por seu vizinho", disse Biden durante pronunciamento que durou menos de dez minutos em Wilmington, cidade onde mora, no estado de Delaware. "A máscara não é uma declaração política [...] Elas salvam vidas", completou.
Como tem feito desde o início da campanha, Biden tenta estabelecer um contraste com o comportamento de Donald Trump, que minimizou a pandemia, recusou-se a usar máscara em público por muito tempo e entrou em confronto com cientistas sobre as melhores formas de tratamento e prevenção para a Covid-19.
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Os EUA já registram mais de 237 mil mortes desde o início da pandemia e, nas últimas semanas, assistem ao aumento no número de hospitalizações e infecções diárias, o que significa que o vírus está longe de ser controlado. "Não podemos renunciar ao importante trabalho que precisa ser feito até lá [aprovação da vacina] para reduzir a propagação e salvar vidas", disse Biden.
O democrata anunciou nesta segunda os nomes que compõem a força-tarefa para combater a Covid-19 nos EUA, a primeira medida desde que foi declarado presidente eleito.
Um dos líderes do grupo é o médico Vivek Murthy, que atuou na gestão de Barack Obama. Há também uma brasileira na equipe, Luciana Borio, que começou a trabalhar no governo americano durante a gestão de George W. Bush. Ela foi cientista-chefe da FDA, agência reguladora de drogas e alimentos nos EUA, e diretora para preparação médica e de biodefesa do Conselho de Segurança Nacional -que, entre outras funções, traçava projetos sobre preparação e enfrentamento de pandemias.
Durante a fala, Biden segurou uma máscara na mão ao dizer que o objetivo do país é voltar ao normal e ressaltou que medidas importantes deveriam ser tomadas até que uma vacina contra a Covid-19 seja aprovada e distribuída. Projeções às quais a equipe do democrata teve acesso mostram que os EUA podem registrar mais 200 mil mortes.
A declaração de Biden já estava marcada para esta segunda, mas aconteceu horas depois de a farmacêutica americana Pfizer anunciar que o imunizante em desenvolvimento com a alemã BioNTech apresentou mais de 90% de eficácia na análise preliminar dos testes de fase 3.
"Acabamos de receber notícias positivas nesta luta com o anúncio do progresso em direção a uma vacina bem sucedida entre as candidatas. Ao mesmo tempo, está claro que esta vacina, mesmo se for aprovada, não estará amplamente disponível por muitos meses ainda."
Biden explicou que a FDA vai fazer uma série de revisões "fundamentadas na ciência e totalmente transparente" para que os americanos tenham certeza de que a vacina aprovada é segura e eficaz. "Vamos seguir a ciência. Vou falar de novo: vamos seguir a ciência", disse o democrata.
Ele prometeu ainda recursos para pequenos empresários e escolas, além de políticas para proteger a população mais atingida desproporcionalmente pelo vírus, como pessoas negras, latinas e indígenas.
"A eleição acabou", disse Biden. "É hora de colocar o partidarismo de lado, acabar com a polarização. Não vamos salvar vidas democratas ou republicanas, vamos salvar vidas de americanos", acrescentou, no tom de união adotado pelo democrata durante toda a campanha.
Trump, por sua vez, ainda não aceitou a derrota e tem dificultado a transição de poder. Sua equipe bloqueou o acesso a informações e recursos do governo que deveriam ser destinadas, por lei, ao time de Biden após a vitória. O democrata estabeleceu que a prioridade assim que chegar à Casa Branca será desfazer uma série de medidas tomadas pelo atual presidente.
As áreas consideradas estratégicas para o início do governo democrata serão o combate à pandemia, a crise econômica, além de política externa e mudança climática. A ideia é que Biden use ordens executivas -uma prerrogativa do cargo, semelhante à medida provisória no Brasil- para cancelar decisões do antecessor. O democrata deve usar o mecanismo para recriar regulações ambientais eliminadas por Trump e para estimular a produção de suprimentos que podem ser usados no combate ao coronavírus.