Biden incentiva votação para defender o direito ao aborto e às liberdades
Incentivo foi provado pela decisão da Suprema Corte em revogar o direito ao aborto em vigor desde 1973
O presidente dos Estados Unidos Joe Biden incentivou os eleitores nesta sexta-feira (8), especialmente as mulheres, a votar massivamente nas próximas eleições legislativas de meio de mandato para enfrentar uma Suprema Corte "fora de controle" e iniciativas "extremistas".
"Pelo amor de Deus, há eleições em novembro, votem, votem, votem", pediu o presidente em um breve e duro discurso na Casa Branca.
Biden aproveitou o discurso sobre decreto regulatório para se fortalecer diante das insistentes críticas em suas próprias bancadas.
Muitos democratas e ativistas acreditam que o presidente e seu governo, que pareceram desconcertados em 24 de junho após uma decisão da Suprema Corte contra o direito ao aborto, deveriam fazer mais ou ao menos ser politicamente mais agressivos.
Biden disse que estava convencido de que um "número recorde" de mulheres americanas votará nas eleições de novembro para renovar o Congresso. "Esta é a forma mais rápida" de restaurar o direito ao aborto em todo o país, através de uma lei federal, sustenta.
Depois da decisão da Suprema Corte, sete estados conservadores proibiram o acesso à interrupção voluntária da gravidez e é provável que muitos outros sigam seu passos.
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"Proteger a nação"
Em discurso, Biden descreveu como "fora de controle" a Suprema Corte, que acabou com o direito constitucional ao aborto em vigor desde 1973, e contra as posições "extremistas" do Partido Republicano.
Se os republicanos vencerem as eleições e aprovarem uma lei que proíba o aborto em todo o país, o presidente democrata prometeu aplicar sua prerrogativa de veto.
"Agora é o momento (...) de proteger a nação de um projeto extremista", que também poderia colocar em discussão o direito à anticoncepção ou ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, garantiu.
O democrata de 79 anos também disse estar profundamente comovido pelo caso, revelado pela imprensa, de uma criança de 10 anos que engravidou após um estupro e foi obrigada a sair de seu estado para interromper a gestação.
"Dez anos, dez anos", repetiu. " Coloquem-se em seu lugar".
Biden assinou um ordem executiva com várias iniciativas para proteger o acesso ao aborto, entre elas, "proteger a informação sanitária" e "combater a perseguição digital".
Ativistas alertam para o perigo da disponibilização de dados online, como geolocalização e aplicativos para monitorar ciclos menstruais, que poderiam ser utilizados para levar a julgamento mulheres que fizerem um aborto.
O texto assinado nesta sexta-feira também prevê proteger as clínicas que praticam abortos fora dos estados que o proibiram. A Casa Branca pretende proteger ainda o acesso à anticoncepção, especialmente a pílula do dia seguinte e o dispositivo intrauterino (DIU).
O governo americano se propõe também a organizar uma rede de advogados voluntários para ajudar as mulheres na esfera legal.
Ser criativos
Muitos democratas temem que esta tentativa de mobilização eleitoral fracasse, vinda de um presidente impopular em um país com uma inflação galopante, que é o que realmente preocupa a população.
Logo após o discurso de Biden, Jen Klein, conselheira encarregada de questões relacionadas ao aborto, passou por apuros durante a coletiva de imprensa diária da Casa Branca.
"Demos um passo importante hoje e continuamos a examinar todas as opções que seriam juridicamente relevantes", disse Klein, sem explicar o alcance específico do decreto assinado nesta sexta-feira ou o motivo da norma entrar em vigor duas semanas após a decisão da Suprema Corte, que era previsível devido ao rascunho que vazou na imprensa.
A organização Women's March, que planeja se manifestar no domingo em frente à Casa Branca, recebeu os anúncios com frieza.
Estes são "os primeiros passos necessários, mas estão longe de ser suficientes. Apelo ao governo para que perceba a urgência. Sejam criativos!", declarou Rachel O'Leary Carmona, diretora executiva da associação.
A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, prometeu colocar dois projetos de lei em votação na próxima semana: um para consagrar os direitos federais ao aborto e outro para proteger as mulheres que deixam seu estado para abortar.
Mas esses textos nunca serão aplicados, por falta de uma maioria parlamentar sólida.