Biden insta a aprovar ajuda à Ucrânia para evitar consequências 'nefastas'
País pede desbloqueio do pacote americano de 60 bilhões de dólares para derrotar a Rússia
O presidente de Estados Unidos, Joe Biden, exortou nesta terça-feira (27), na Casa Branca, os líderes democratas e republicanos do Congresso a desbloquearem uma ajuda à Ucrânia para evitar consequências "nefastas", durante uma reunião na qual ele também tentará evitar a paralisação do governo.
"Na Ucrânia, acredito que a necessidade é urgente", disse Biden, com a vice-presidente Kamala Harris a seu lado.
"As consequências da inação diária na Ucrânia são nefastas", acrescentou.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, aliado do provável candidato presidencial Donald Trump, recusou-se a permitir uma votação sobre a ajuda à Ucrânia.
Biden está reunido na Casa Branca com Johnson e o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, e também com o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, e o da oposição, Mitch McConnell.
O encontro acontece depois que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky advertiu que seu país está com escassez de munição e necessita desesperadamente de ajuda dos países do Ocidente para derrotar a Rússia. Ele pede, sobretudo, o pacote americano de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 300 bilhões) bloqueado na Câmara dos Representes pelos republicanos.
Os conservadores estão sob a pressão de Trump, que se opõe a seguir estendendo a mão aos democratas sem que o país aborde seu principal tema de campanha: a travessia de migrantes na fronteira com o México.
"Há uma forte maioria bipartidária na Câmara disposta a aprovar este projeto de lei se chegar à votação", declarou à CNN o assessor de segurança nacional Jake Sullivan.
"E essa decisão recai sobre os ombros de uma pessoa, e a história observa se o presidente Johnson apresentará esse projeto de lei", acrescentou.
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Yellen: 'Agir agora'
Quando a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, os congressistas americanos foram majoritariamente favoráveis a armar a ex-república soviética pró-ocidental.
O Senado manteve um grande apoio e, recentemente, aprovou um pacote que combina o financiamento da Ucrânia com ajuda para Israel e Taiwan. Mas o projeto não passou pela Câmara.
"Agora é a hora de agir. O presidente Johnson não pode permitir que a política ou a obediência cega a Donald Trump se interponham em seu caminho", disse Schumer, que esteve no oeste da Ucrânia na semana passada, em uma carta a seus colegas.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, também pediu nesta terça que o Congresso dê luz verde para a ajuda.
A Câmara "deve agir agora" para ajudar a Ucrânia e "proteger nossos interesses de segurança nacional e os valores que nós, nossos aliados e parceiros compartilhamos", sustentou Yellen na entrevista coletiva prévia a uma reunião dos ministros de Finanças do G20 em São Paulo.
A reunião da Casa Branca também abordará a paralisação parcial do governo que se aproxima, na noite da próxima sexta-feira, já que o Congresso ainda não aprovou os 12 projetos de lei de gastos anuais que compõem o orçamento federal, quase cinco meses depois do início do ano fiscal de 2024.
Sem uma resolução sobre o orçamento, na sexta-feira subsequente, dia 8 de março, haverá uma paralisação total do governo, um dia depois do discurso anual sobre o estado da União de Biden.
As duas partes esperam apresentar um texto no domingo para os primeiros quatro projetos de lei de gastos que cobrem aproximadamente um quarto do orçamento, incluindo agricultura, veteranos, transporte e habitação.