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Estados Unidos

Biden pede "defesa da democracia" antes das eleições legislativas

Joe Biden foi eleito em grande parte graças ao apoio da comunidade afro-americana, que ele tentou mobilizar novamente nos últimos dias.

Presidente dos EUA, Joe Biden Presidente dos EUA, Joe Biden  - Foto: Brendan Smialowski / AFP

O democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump deram suas últimas cartadas antes das eleições de meio de mandato que marcarão o restante da gestão do presidente dos Estados Unidos e que podem abrir caminho para o retorno de seu antecessor à Casa Branca.

"Este é o momento de defender" a democracia, disse nesta segunda-feira (7) o presidente dos Estados Unidos.

"Nossa democracia está em perigo", acrescentou, em um momento em que os candidatos republicanos nas eleições de meio de mandato ameaçam derrotar os democratas.

"Estaremos lá", acrescentou o democrata de 79 anos, em uma universidade em Maryland, nos arredores de Washington, com muitos afro-americanos no corpo discente.

Biden foi eleito em grande parte graças ao apoio da comunidade afro-americana, que ele tentou mobilizar novamente nos últimos dias.

Diante de um público geralmente entusiasmado - com exceção de alguns oponentes vocais rapidamente expulsos - Biden descreveu os republicanos como o partido que "quer desfazer" os ganhos sociais obtidos sob seu governo.

- Trump 2024 -
O ex-presidente Donald Trump falará pouco após Joe Biden. O bilionário está em Ohio nesta segunda-feira, um emblemático estado industrial do Centro-Oeste americano que ele conseguiu seduzir: a classe média, majoritariamente branca, que vive no campo ou na periferia, e que acredita ter perdido protagonismo com a globalização.

Trump, que sonha com uma "onda vermelha" na terça-feira, a cor dos republicanos, colocou em espera a possibilidade de anunciar sua candidatura para 2024 nesta segunda-feira à noite.

Biden disse que pretende concorrer à reeleição em 2024, mas a perspectiva não agrada a todos os democratas por causa de sua idade (ele fará 80 anos em breve) e impopularidade.

A campanha expôs as divisões na principal potência mundial.

No público que veio ouvir Joe Biden, Marisha Camp, fotógrafa que fez a viagem desde o estado de Nova York, resume a situação.

"Há um senso de urgência na direita, a sensação de que tudo está desmoronando e que é preciso consertar isso... Essa urgência, não sei por que, não é sentida da mesma fora do lado azul" dos democratas, diz ela preocupada.

Enquanto os candidatos republicanos ameaçam não reconhecer os resultados se perderem, a aquisição do Twitter pelo bilionário Elon Musk alimenta preocupações sobre uma onda de desinformação.

Em um tuíte publicado nesta segunda-feira, Musk pediu aos americanos que votassem nos republicanos. "A divisão do poder freia os piores excessos de ambos os partidos, por isso recomendo votar em um Congresso republicano, já que a presidência é democrata", tuitou.

Enquanto isso, a Rússia coloca lenha na fogueira.

"Interferimos (nas eleições americanas) e continuaremos a fazê-lo. Com cautela, precisão, cirurgicamente, da nossa maneira", afirmou Yevgeny Prigozhin, um empresário próximo ao Kremlin.

- Segurança eleitoral -
A Casa Branca não se disse surpresa com esses comentários, de acordo com a porta-voz Karine Jean-Pierre, que também afirmou que as autoridades não identificaram "nenhuma ameaça interna específica crível" à segurança eleitoral.

Os americanos vão às urnas para renovar os 435 assentos na Câmara dos Representantes e um terço do Senado, além de eleger governadores e diversos cargos municipais.

Os republicanos esperam assumir o controle do Congresso, ou seja, não só da Câmara dos Representantes, como costuma acontecer nas eleições de meio de mandato, nas quais o partido no poder tradicionalmente vira alvo das insatisfações do eleitorado, mas também do Senado, onde os democratas de Biden só têm a maioria por um voto, o da vice-presidente Kamala Harris.

Kevin McCarthy, possível futuro líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, cogitou em entrevista à CNN a possibilidade de abrir investigações sobre a administração Joe Biden, desde a retirada caótica de tropas do Afeganistão à gestão da pandemia de covid-19. Um possível processo de impeachment do presidente democrata não é descartado pelos republicanos.

Também afirmou que não dará um "cheque em branco" à Ucrânia se seu Partido Republicano obter a maioria nas eleições.

Nesta segunda-feira, a Casa Branca insistiu que o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia é "inabalável", independentemente do resultado eleitoral.

- Voto punitivo -
Historicamente, as eleições de meio de mandato costumam ser um referendo sobre o inquilino da Casa Branca.

Se os democratas forem derrotados, o Congresso estará nas mãos da oposição quando Biden ainda tiver dois anos de governo pela frente.

Diante da eficácia de uma campanha republicana focada na inflação galopante, os democratas tentaram nos últimos dias insistir nas reformas lançadas por Biden, como a redução dos preços dos medicamentos prescritos, o aumento da fabricação de microchips e investimentos recordes em infraestrutura, algo que levará anos para os americanos sentirem os efeitos.

Consciente disso, o presidente tuitou nesta segunda-feira: "Farei o que for preciso para baixar a inflação".

Mais de 42 milhões de americanos já votaram antecipadamente, superando o nível das eleições de meio de mandato de 2018, de acordo com o US Elections Project.

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