Biden promete apoio a Porto Rico, atingido constantemente por furacões
"Queremos ser tratados como nossos compatriotas americanos em momentos de necessidade", disse governador da ilha, Pedro Pierluisi
"Estamos com vocês", disse o presidente americano, Joe Biden, nesta segunda-feira (3), ao prometer apoio a Porto Rico, um território dos Estados Unidos no Caribe, atingido pelo furacão Fiona e outros desastres, que às vezes se sente abandonado pelas autoridades federais.
Antes de o presidente discursar, o governador da ilha, Pedro Pierluisi, resumiu o sentimento dos três milhões de habitantes deste território, onde a pobreza ultrapassa os 40%, e que tem o dólar como moeda oficial, mas não pode votar em eleições nacionais.
"Minhas demandas são muito simples, senhor presidente: queremos ser tratados como nossos compatriotas americanos em momentos de necessidade", disse Pierluisi.
Fiona deixou ao menos uma dúzia de mortos em Porto Rico. O furacão interrompeu temporariamente o abastecimento de água e eletricidade, já debilitado pelas constantes catástrofes naturais, como furacões e tremores, nos últimos anos.
"Viemos pessoalmente para mostrar que estamos com vocês, que todos os Estados Unidos estão com vocês", assegurou Biden, ao lado da esposa, Jill.
No momento de deixar a Casa Branca, ele disse: "vou a Porto Rico porque não nos encarregamos bem deles", o que foi interpretado como uma crítica a seu antecessor, Donald Trump.
O ex-presidente republicano foi criticado pela resposta do governo federal após a passagem, em 2017, dos furacões Irma e Maria, responsáveis, segundo as autoridades locais, por cerca de 3 mil mortes em Porto Rico.
Além da ajuda federal de emergência para operações de resgate e retirada de escombros, Biden anunciou o desembolso de US$ 60 milhões para reforçar as defesas da ilha.
Flórida: furacões e eleições
Os moradores de Porto Rico se mostraram desiludidos nesta segunda.
"Espero que a visita do presidente Biden não seja apenas" uma saudação à bandeira, disse Nelson Cruz, de 45 anos, professor de Psicologia na Universidade de Porto Rico, que deseja que as autoridades sejam mais eficientes.
Nixa Sanabria, uma aposentada de 66 anos, que mora no norte da ilha, não se interessou pela visita presidencial. "Sempre é o mesmo discurso político, fazem o povo acreditar que será feito isto ou aquilo, e nada acontece", comentou.
Na quarta-feira, Biden deve visitar a Flórida, um estado do sul do país, atingido na semana passada pelo furacão Ian, que deixou um rastro de morte e devastação.
A Flórida ainda avaliava os danos - consideráveis - nesta segunda-feira, e contabilizava os mortos causados por um dos furacões mais potentes da história recente dos Estados Unidos.
Embora o balanço oficial seja de 72 mortos, 68 deles na Flórida, alguns veículos de comunicação americanos estimam que os falecidos possam passar de cem.
O presidente democrata enfrentará duas situações difíceis em sua visita à Flórida. Uma logística, porque planeja ir a uma área particularmente afetada, e outra política, pois o governador da Flórida, o republicano Ron DeSantis, é um de seus críticos mais ferrenhos.
Não está claro se os dois dirigentes estarão juntos durante a visita presidencial, enquanto as tensões políticas aumentam nos Estados Unidos às vésperas das eleições legislativas de meio de mandato, em novembro.