Biden promete consagrar direito ao aborto, em caso de vitória democrata nas midterms
Delcaração vem em meio a insatisfações da população com o executivo nos EUA
O presidente Joe Biden prometeu, nesta terça-feira (18), que o primeiro projeto de lei que promulgará, caso os democratas mantenham o controle do Congresso nas eleições de meio de mandato de novembro, consagrará o direito ao aborto nos Estados Unidos.
"O primeiro projeto de lei que enviarei ao Congresso será codificar Roe vs. Wade", disse Biden em um discurso, referindo-se à histórica sentença da Suprema Corte que, há meio século, legalizou o aborto em todo país e que foi anulada por essa instância em junho.
A Casa Branca multiplica os discursos, como o desta terça-feira em Washington, na tentativa de contrariar as previsões para as eleições de 8 de novembro. Tradicionalmente, o partido da situação costuma sofrer um golpe nesse tipo de eleição, que é realizada a cada dois anos para renovar as cadeiras da Câmara de Representantes, parte do Senado e dezenas de governadores.
Este ano, os democratas enfrentam um potencial tsunami de insatisfação pela impopularidade do presidente, a situação econômica pós-pandemia e as guerras culturais em torno de educação, questões de gênero e aborto.
É no aborto que Biden vê uma potencial virada do jogo, depois de a Suprema Corte ter anulado a sentença histórica Roe vs. Wade que há meio século consagrou o acesso ao aborto em todo país. Em seu discurso na capital, Biden volta a acusar os republicanos de quererem restringir ao máximo o aborto e pedirá aos eleitores que defendam esse direito com seu voto.
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Em vez de se limitar a protestar contra os republicanos, Biden insiste em que as eleições são uma oportunidade para os democratas aumentarem sua maioria no Congresso para criar uma nova lei nacional de direitos ao aborto, que revogaria a decisão da Suprema Corte.
Impulso, sim, mas votos?
Não há dúvida de que o direito ao aborto provoca debates acalorados na cena política.
Roe vs. Wade legalizou o procedimento em todo país, enquanto a decisão da Suprema Corte devolveu o poder aos governos estaduais, deixando-os ditar as regras em seu território.
Os líderes republicanos aproveitaram a oportunidade para impor restrições, ou proibições draconianas, à prática.
O tema mobiliza, mas é suficiente para mudar votos em três semanas?
Figuras democratas, incluindo Biden, sugeriram a possibilidade de uma mobilização eleitoral liderada por mulheres.
"Não acho que a corte, ou, nesse caso, os republicanos, que durante décadas promoveram sua agenda extremista, tenham alguma ideia do poder das mulheres americanas", disse Biden, após a decisão do tribunal.
"Na minha opinião, estão prestes a descobrir. Tenho esperança e a firme convicção que as mulheres, de fato, vão comparecer em números recordes para reivindicar os direitos", completou.
A má notícia para os democratas é que o aborto se situa bem abaixo na lista de preocupações dos eleitores.
Uma pesquisa do jornal "The New York Times"/Siena divulgada esta semana mostra que 26% dos possíveis eleitores consideram que a economia é a coisa mais importante, e 18%, inflação, que bate recordes em quatro décadas. Já o aborto obteve 5%.
Além disso, a pesquisa mostra uma mudança surpreendente na intenção de voto das mulheres independentes. Em setembro, este grupo apoiou os democratas, em relação aos republicanos, por 14 pontos, mas, na última sondagem, apoiaram os republicanos, por 18 pontos.