Biden reafirma apoio 'inabalável' a Israel em viagem ao Oriente Médio
Presidente realiza visita ao pais nesta quarta-feira (13)
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, defendeu nesta, quarta-feira (13), a "integração" de Israel no Oriente Médio e reafirmou o apoio "inabalável" de Washington a este aliado, durante uma visita ao país no marco de sua primeira viagem à região desde que chegou ao poder.
"Vamos continuar avançando para a integração de Israel na região", disse Biden, referindo-se ao processo de reaproximação entre Israel e alguns países árabes, após pousar no avião presidencial Air Force One no aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv.
Biden prometeu que os Estados Unidos e Israel "fortaleceriam ainda mais" seus laços, mencionando em particular uma parceria "nos sistemas de defesa mais sofisticados do mundo".
Reiterando o compromisso "inabalável" dos americanos com a "segurança de Israel", o presidente participou de uma apresentação das capacidades de defesa antimísseis de Israel, incluindo o sistema Domo de Ferro e um novo dispositivo de resposta a laser antidrone chamado Feixe de Ferro.
Pouco depois, Biden visitou o memorial israelense da Shoah (genocídio dos judeus na Alemanha nazista) em Yad Vashem, Jerusalém.
Vestindo um quipá preto, ele depositou uma coroa de flores em frente ao memorial, reacendeu a chama e falou com dois sobreviventes.
"Nunca devemos esquecer porque o ódio nunca perece", escreveu ele no livro de visitas do local.
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Um novo Oriente Médio?
Após a chegada de Biden, o novo primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, afirmou que ambos os líderes abordariam "a necessidade de restaurar uma coalizão mundial forte que detenha o programa nuclear iraniano".
Israel insiste em que fará o que for necessário para conter as ambições nucleares do Irã e é contrário ao retorno do acordo nuclear de 2015, que aliviou as sanções contra Teerã.
Em relação ao Irã, Israel tenta construir uma nova "arquitetura", formando uma frente comum com países da região que considera também hostis à República Islâmica.
Mas o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, respondeu que a viagem de Biden não levará segurança a Israel.
A viagem de Biden à Arábia Saudita é considerada parte do esforço para estabilizar os mercados de petróleo, afetados pela guerra na Ucrânia, com a aproximação de um país que por décadas foi aliado estratégico dos Estados Unidos e grande fornecedor de petróleo.
"O fato de que Biden voe diretamente à Arábia Saudita resume a dinâmica dos últimos meses", disse um alto funcionário israelense.
Israel espera que essa visita também seja o início de suas relações diplomáticas com Riade.
Com a ajuda americana, Israel ampliou seu alcance regional em 2020 ao formalizar as relações com os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos, após os acordos de paz de 1994 com a Jordânia e de 1979 com o Egito.
Convite à família de jornalista
Desde que chegou ao poder, Biden não reverteu a polêmica decisão de seu antecessor, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel.
Os palestinos consideram Jerusalém Oriental, anexada por Israel, sua capital e, antes da visita, acusaram Biden de não cumprir a promessa de tornar o governo dos Estados Unidos novamente um mediador imparcial no conflito.
"Escutamos apenas palavras vazias e nada de resultados", reclamou Jibril Rajoub, líder do movimento secular Fatah, do presidente palestino Mahmud Abbas.
O conselheiro de Segurança Nacional do governo americano, Jake Sullivan, disse que Washington restaurou "laços diplomáticos quase rompidos" com os palestinos. Também citou o apoio financeiro recuperado e o respaldo "inequívoco" para uma solução de "dois Estados", israelense e palestino.
Biden se reunirá na sexta-feira com Abbas na cidade de Belém, na Cisjordânia ocupada, mas nenhum grande anúncio é esperado para a retomada do processo de paz.
Os vínculos de Washington com os palestinos passam por um momento de tensão desde a morte, em maio, da jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, que também tinha cidadania americana, durante uma incursão do exército israelense na Cisjordânia ocupada.
A ONU determinou que a repórter palestino-americana foi morta por tiros israelenses, mas Washington afirmou que não há evidência de que aconteceu de maneira intencional.
O governo Biden convidou a família da jornalista a visitar Washington "para uma reunião e um contato direto" com o secretário de Estado, Antony Blinken, afirmou Jake Sullivan nesta quarta-feira.
O governo americano "está muito envolvido em determinar exatamente o que aconteceu a respeito das trágicas circunstâncias de sua morte", disse.
A família da jornalista, que se declarou "indignada" com a resposta do governo dos Estados Unidos, pediu para um encontro com Biden durante sua viagem a Israel.