Biden recebe mais de 100 países na cúpula mundial pela democracia
O encontro, que será virtual, encarna a liderança dos Estados Unidos em uma luta existencial entre democracias e ditaduras ou autocracias
O presidente Joe Biden, que assumiu o cargo em um momento de crise política nos Estados Unidos, recebe nesta quinta-feira (9) representantes de mais de 100 países para uma Cúpula pela Democracia, muito criticada por China e Rússia, e da qual foram excluídos oito países das Américas.
Para a Casa Branca, o encontro, que será virtual devido à pandemia, encarna a liderança dos Estados Unidos em uma luta existencial entre democracias e ditaduras ou autocracias.
"Não se enganem, estamos em um momento de avaliação democrática", afirmou Uzra Zeya, subsecretária de Estado para Segurança Civil, Democracia e Direitos Humanos.
"Não é nenhum segredo que as democracias em todo o mundo enfrentam desafios cada vez maiores devido a ameaças novas e inovadoras. Países de praticamente todas as regiões do mundo experimentaram graus de retrocesso democrático", adverte.
Biden vai abrir com um discurso a reunião, que durante dois dias reunirá representantes de quase 100 governos, além de ONGs, empresas, organizações filantrópicas e legislaturas.
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Mas o pano de fundo é preocupante: as regras democráticas americanas foram desafiadas por Donald Trump, com sua tentativa de reverter o resultado eleitoral de 2020.
E mesmo antes da reunião, um clima de tensão foi criado sobre quem deveria integrar e quem deveria ficar de fora da lista.
China e Rússia, que Biden considera autocracias, ficaram deliberadamente de fora, o que segundo estes países estimula uma "brecha ideológica".
"Nenhum país tem o direito de julgar o vasto e variado panorama político do mundo com um único critério", escreveram Anatoly Antonov e Qin Gang, os embaixadores da Rússia e da China em Washington.
O que irritou Pequim foi o convite do governo americano a Taiwan, ilha governada democraticamente e que a China continental considera parte de seu território, embora não esteja sob seu controle.
Na segunda-feira, Washington também anunciou que não enviará funcionários do governo aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim em fevereiro, como forma de protesto pelas violações dos direitos humanos, incluindo o "genocídio" contra o grupo étnico dos uigures na região de Xinjiang.
Austrália, Reino Unido e Canadá se uniram ao boicote diplomático, mas seus atletas disputarão os Jogos. E mais uma vez a Rússia se uniu a China para criticar a decisão.
Decidir quando outros países deveriam ser excluídos da reunião por violações dos direitos humanos ou fraude eleitoral também foi complicado.
Por exemplo, Paquistão e Filipinas estão dentro, enquanto o governo nacionalista da Hungria, membro da União Europeia, ficou de fora. O presidente de direita brasileiro Jair Bolsonaro foi convidado, enquanto o presidente da Turquia - país membro da Otan -, Recep Tayyip Erdogan, foi está fora.
Na América Latina e Caribe foram excluídos os governos de oito países: Nicarágua, Cuba, Bolívia, El Salvador, Honduras, Guatemala, Haiti e Venezuela, mas foi convidado Juan Guaidó, líder opositor venezuelano a Nicolás Maduro.