Biden recebe US$ 72 milhões em doações de campanha, mais que o dobro de Trump
Verba foi levantada entre abril e junho deste ano
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu Partido Democrata arrecadaram US$ 72 milhões (R$ 345 milhões) para a campanha de reeleição em 2024. O valor, acumulado desde que o democrata lançou sua candidatura em 25 de abril até junho, é mais que o dobro do levantado por seu principal rival, o ex-presidente Donald Trump. Eclipsa ainda mais o somado pelo governador da Flórida, Ron DeSantis, vice-líder nas primárias republicanas que começam a esquentar.
O volume arrecadado por Biden foi anunciado por sua campanha nesta sexta-feira, sobressaindo-se aos US$ 35 milhões (R$ 167,7 milhões) arrecadados por Trump e aos US$ 20 milhões (R$ 95,8 milhões) de DeSantis no mesmo intervalo de tempo. Até o pleito de novembro do ano que vem, os democratas planejam arrecadar US$ 1 bilhão (R$ 4,79 bilhões).
— Enquanto republicanos estão queimando seus recursos em uma primária polarizante, focada em quem irá adotar as posições MAGA mais extremas, nós estamos superando significativamente a arrecadação de cada um deles — disse em um anúncio em vídeo Julie Chávez Rodríguez, coordenadora da campanha de Biden, usando a sigla para "Make America Great Again", ou "torne os EUA novamente grandiosos", slogan do trumpismo.
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Em 2019, Trump e o Partido Republicano arrecadaram US$ 105 milhões (R$ 503,2 milhões) no segundo trimestre, mas ainda assim a quantia democrata deve servir para impulsionar aliados temerosos sobre a taxa de aprovação do presidente, também afagados pelo bom desempenho econômico. E as comparações não são de todo precisas.
Trump lançou oficialmente sua candidatura à reeleição em junho de 2019, mas já aceitava doações desde que 20 de janeiro de 2017, dia de sua posse. Biden, por sua vez, tinha apenas US$ 1,36 milhão (R$ 6,52 milhões) em sua conta de campanha em março e não pediu ativamente doações até lançar sua candidatura quase um mês após o trimestre começar.
O primeiro evento de arrecadação de Biden foi em maio, em Nova York, e ele se absteve de pedir doações durante as bem-sucedidas negociações sobre o teto da dívida americana, emperradas pela maioria republicana na Câmara. Em junho, teve eventos com doadores em São Francisco e Chicago.
De acordo com os democratas, 394 mil pessoas doaram para a campanha de Biden, para a Comissão Nacional Democrata e seus comitês no segundo trimestre — grupos que, ao todo, tinham US$ 77 milhões (R$ 369 milhões) em conta no dia 30 de junho. A divisão exata do dinheiro não está clara, mas 97% do arrecadado entre abril e junho veio de contribuições inferiores a US$ 200 (R$ 958) e 30% dos doadores não haviam contribuído em 2020.
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O número de doadores individuais é inferior ao cultivado em 2011 pelo então presidente Barack Obama, o último correligionário a buscar a reeleição, que teve mais de 552 mil doadores individuais no segundo trimestre daquele ano. Ele também superou Biden no valor total das contribuições, levantando mais de US$ 86 milhões (R$ 412,2 milhões) em conjunto com seu partido.
As comparações, no entanto, não são exatas. Houve uma série de mudanças nas leis desde 2012, além de uma decisão da Suprema Corte em 2014, que permitiram aos candidatos e partidos formarem comissões conjuntas de arrecadação que podem aceitar doações individuais de centenas de milhares de dólares.
Os democratas precisarão fazer frente a investimentos pesados de grupos externos que apoiam republicanos como Trump e DeSantis, mas têm a vantagem de não precisarem travar primárias competitivas, como os republicanos. Outra vantagem é que os opositores só poderão arrecadar dinheiro por meio de seu comitê nacional até que tenham um comunicado definido.
De momento, a estratégia da equipe de Biden é deixar os adversários se engalfinharem na busca pela nomeação. Enquanto isso, o foco é fazer uma uma campanha limpa, centralizada nos bons resultados da economia, e com gastos relativamente contidos. Ainda não há, por exemplo, um quartel-general para a campanha e os funcionários são poucos.
Ao anunciar os números, a campanha para o que afirmou terem sido bem-sucedidos anúncios durante momentos notórios das primárias republicanas, como o lançamento da candidatura de DeSantis. Outro momento foi a entrevista que Trump deu à CNN em maio, dias após um tribunal nova-iorquino ordená-lo a pagar US$ 5 milhões (R$ 23,96 milhões) para a colunista E. Jean Carroll, responsabilizando-o civilmente de ter difamado e abusado sexualmente da mulher nos anos 1990.
Metade do merchandising vendido no site de Biden é relacionado à temática "Dark Brandon", meme que surgiu na extrema direita tirando sarro do que afirmam sem evidência ser uma capacidade mental reduzida do mandatário de 80 anos. Foi, contudo, apropriado e ressignificado por seus apoiadores.
O presidente nunca foi um bom arrecadador antes de se candidatar para o pleito de 2020, apesar de já ter concorrido ao Salão Oval outras duas vezes, ter sido vice de Obama por oito anos e senador por três décadas. No segundo trimestre de 2019, três outros candidatos arrecadaram mais que Biden, o eventual vencedor.
O partido, contudo, uniu-se ao seu redor há três anos, em meio ao risco de uma reeleição de Trump e da pandemia de Covid.