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Diplomacia

Biden visita Canadá e deve fazer anúncios sobre Haiti, imigração e economia

Apesar de alguns pontos controversos, relação entre Washington e Ottawa é mais cordial do que durante o governo do republicano Donald Trump

Joe Biden visita o vizinho Canadá pela primeira vez desde que assumiu a presidência dos EUA.Joe Biden visita o vizinho Canadá pela primeira vez desde que assumiu a presidência dos EUA. - Foto: Mandel Ngan/AFP

A primeira visita ao Canadá do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destinada a marcar a renovada amizade entre os dois países vizinhos, deve ser encerrada, nesta sexta-feira (24), com anúncios sobre Haiti, imigração e economia.

A agenda está carregada para o democrata, de 80 anos, que não pôde se deslocar para o país vizinho e aliado logo após a sua posse, como é costume dos presidentes americanos, devido à pandemia da covid-19.

Biden e o premiê canadense, Justin Trudeau, estão em uma reunião de trabalho. Na sequência, às 17h50 GMT (14h50 em Brasília), o americano deve discursar no Parlamento canadense. Em seguida, às 19h45 GMT (16h45 em Brasília), os dois dirigentes darão uma coletiva de imprensa.

A relação entre Washington e Ottawa é infinitamente mais cordial hoje do que durante o governo do republicano Donald Trump, mas há alguns pontos controversos. Em relação a um deles, a imigração em condição irregular, a visita pode levar a avanços, afirmam a Rádio-Canada e o jornal americano The New York Times.

Imigração irregular

Segundo o noticiário, americanos e canadenses chegaram a um acordo sobre fechar a Roxham Road, uma rota improvisada pela qual cerca de 40.000 migrantes chegaram ao Canadá no ano passado, sem passar pelos pontos de entrada oficiais dos Estados Unidos.

Essas chegadas agitaram o clima político no Canadá, um país onde esse problema é relativamente novo, provocando tensões com Washington.

A Casa Branca diz entender as preocupações canadenses, mas declara que o tema também é candente nos Estados Unidos, e em proporções bem diferentes.

Em janeiro, as autoridades americanas fizeram mais de 128.000 detenções por tentativas de entrada ilegal em território nacional, através do México, e a direita republicana não perde a oportunidade de acusar Biden de leniência face ao fenômeno.

De acordo com a imprensa, em troca do fechamento da Roxham Road, Ottawa concordou em receber cerca de 15.000 requerentes de asilo da América Latina, por meio de canais legais, uma medida que aliviará a pressão na fronteira sul dos EUA.

Ajuda para o Haiti

Outro tema de discussão será o Haiti, um país assolado pela extrema violência das gangues e por uma grave crise humanitária.

Uma fonte do governo canadense disse à AFP que se espera, para esta sexta-feira, um anúncio de "financiamento significativo", relacionado com a ajuda humanitária e a capacitação das forças de segurança haitianas.

Washington acolheria com satisfação que o Canadá desempenhasse um papel de liderança no envio de uma força internacional para o país caribenho.

Na quinta-feira (23), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, informou sobre "discussões com o governo canadense para ver o que podemos fazer juntos, assim como com outros países, os países da Caricom (Comunidade do Caribe) e da região".

Os gastos militares também estarão na agenda bilateral, no momento em que Washington pressiona por um esforço dos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em meio à guerra na Ucrânia e às crescentes tensões com a China.

Ottawa está longe de destinar 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) aos gastos militares, um piso estabelecido para os países-membros da Aliança Atlântica.

Em particular, pode-se abordar, hoje em Ottawa, a modernização do Comando de Defesa Aeroespacial da América do Norte (Norad, na sigla em inglês).

Semicondutores e cadeias de suprimentos

A economia será uma tema incontornável para esses dois países muito integrados.

Trudeau, cujo país é o primeiro cliente dos Estados Unidos em matéria de comércio exterior, vai querer avançar suas fichas na área econômica.

Biden adotou um enorme plano de subsídios para a transição energética, a "Lei de Redução da Inflação" (IRA, na sigla em inglês), destinada a apoiar a produção e o desenvolvimento de tecnologias em solo americano. Os principais parceiros comerciais de Washington temem que essa guinada reduza suas vendas para os EUA.

A fonte do governo canadense disse esperar que, na coletiva de imprensa conjunta, sejam feitos anúncios sobre semicondutores e fortalecimento das cadeias de suprimentos na América do Norte.

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