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Bill Gates detona Elon Musk por apoio à extrema direita alemã: "É uma loucura"

Cofundador da Microsoft exortou governos a adotarem medidas para evitar que 'super-ricos' influenciem suas eleições

Bill GatesBill Gates - Foto: Alex Wong/Getty Images/AFP

O cofundador da Microsoft e filantropo americano Bill Gates classificou o apoio do bilionário Elon Musk ao partido de extrema direita alemão Alternativa para a Alemanha (AfD) de "loucura" e disse ser "descabido" que o magnata pudesse "desestabilizar a política em outros países".

Em entrevista ao meio de comunicação britânico The Sunday Times, Gates criticou o homem mais rico do mundo por promover políticas de extrema direita tanto nos Estados Unidos como no exterior e instou os governos a adotarem medidas de "salvaguardas para garantir que os super-ricos não influenciem suas eleições".

— Ele quer promover a direita, mas diz que Nigel Farage [político britânico] não é de direita o suficiente. É uma loucura, ele é a favor do AfD... Se alguém é superinteligente, e ele é, ele deveria pensar em como pode ajudar. Mas isso é agitação populista — disse Gates na entrevista.

 

O ataque de Gates abre uma fenda na frente unida dos grandes bilionários da tecnologia alinhados na primeira fila da posse de Donald Trump como presidente dos EUA. Apesar das críticas anteriores, nem Mark Zuckerberg, da Meta, nem Jeff Bezos, da Amazon, miraram o presidente ou seu fiel aliado Musk, que agora é peça-chave na administração em sua nova função como chefe do Departamento de Eficiência Governamental.

Apoio de Musk à AfD
O bilionário Elon Musk declarou apoio ao partido de extrema direita AfD por videoconferência, durante um comício na Alemanha no sábado, falando sobre seu "orgulho" de ser alemão. A declaração vem após seu gesto controverso na posse de Trump, comparado a uma saudação nazista.

— É bom ter orgulho de ser alemão. Lutem por um futuro brilhante para a Alemanha — disse o homem mais rico do mundo a uma plateia de 4.500 apoiadores no Halle Messe, no Leste do país, de acordo com dados da Alternativa para a Alemanha (AfD).

Musk reiterou seu apoio a esse movimento, que ele disse representar “a melhor esperança para a Alemanha”, sob aplausos do público.

Em seu discurso, ele elogiou a “nação alemã” que tem “milhares de anos”. E disse que o imperador romano Júlio César já havia ficado “impressionado” com o espírito de luta das tribos germânicas.

O atual governo “reprime agressivamente a liberdade de expressão”, acusou o bilionário. A AfD deve, portanto, “lutar, lutar, lutar” por “mais autodeterminação para a Alemanha e os países da Europa e menos Bruxelas”, acrescentou.

Nas últimas semanas, Musk tem se envolvido frequentemente na política interna da Alemanha e de outros países europeus, por meio de comentários em sua plataforma online X.

O chefe da SpaceX e da Tesla, que se tornou aliado e apoiador financeiro de Donald Trump na campanha presidencial de 2024, intensificou suas declarações de apoio aos partidos de extrema direita no continente, usando sua rede social como um amplificador. A interferência nos assuntos europeus foi criticada pelos líderes europeus, exceto pela primeira-ministra italiana de extrema direita Giorgia Meloni.

O partido anti-imigrantes alemão está em segundo lugar nas pesquisas para as eleições gerais de 23 de fevereiro, com 20%, atrás dos conservadores CDU/CSU, que têm cerca de 30% das intenções de voto. Musk já havia chamado o chanceler social-democrata Olaf Scholz de "louco" e "um imbecil incompetente" e o presidente Frank-Walter Steinmeier de "tirano".

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