Bispos de Portugal se reúnem após relatório sobre pedofilia
Encontro aconteceu na cidade de Fátima
Os bispos de Portugal debatem, nesta sexta-feira (3), na cidade de Fátima, centro do país, a resposta da Igreja a um relatório sobre abusos sexuais cometidos contra milhares de menores durante meio século pelo clero português.
Após a assembleia plenária extraordinária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), está prevista uma coletiva de imprensa sobre o relatório independente encomendado em 2021 pela Igreja Católica de Portugal.
Leia também
• Grupo alemão VW teve aumento de 2,6% no lucro líquido de 2022
• Brasileiro é preso no Aeroporto de Lisboa, em Portugal, com carne humana dentro de mala
Após escutar mais de 500 depoimentos, o grupo de especialistas estabeleceu que membros do clero católico português abusaram sexualmente de ao menos 4.815 menores de idade desde 1950.
“Pedimos perdão a todas as vítimas”, declarou o presidente da CEP e bispo de Leiria-Fátima, José Ornelas, depois da publicação do relatório em 13 de fevereiro.
Mas o papa Francisco disse na quinta-feira pelo Twitter que “diante dos abusos, em especial os cometidos por membros da Igreja, não basta pedir perdão”.
“Ações concretas”
“Sua dor e seus danos psicológicos podem começar a se curar se encontrarem respostas, ações concretas para reparar os horrores sofridos e evitar que se repitam”, acrescentou o pontífice argentino em um vídeo.
Diante de milhares de casos de abusos sexuais revelados em todo o mundo a acusações de dissimulação por parte de membros do clero, o papa prometeu em 2019 liderar uma “batalha completa” contra a pedofilia na Igreja.
Os investigadores formularam em seu relatório várias recomendações aos dirigentes eclesiásticos reunidos em Fátima, como a criação de uma comissão encarregada do tema, o respeito a um “dever moral” de denunciar os agressores e a eliminação dos confessionários fechados, já que é neles que muitas vezes os abusos são cometidos.
Em carta aberta publicada na quinta-feira, várias organizações e figuras dos círculos católicos progressistas urgiram aos bispos que adotem essas sugestões e organizem “um momento solene e coletivo” para pedir perdão às vítimas.
Este grupo, que no final de 2021 reivindicou a criação de uma comissão independente, exige também a saída dos “bispos acobertadores" e a suspensão dos membros do clero suspeitos de agressões sexuais.