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GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Blecaute de comunicações faz ONU, OMS e Unicef perderem contato com suas equipes em Gaza

Organizações que atuam no território palestino alertam para agravamento da situação humanitária

Vista aérea mostra prédios no distrito de al-Zahra, no sul da Cidade de Gaza Vista aérea mostra prédios no distrito de al-Zahra, no sul da Cidade de Gaza  - Foto: Divulgação/Hamas

Os 2,2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza atravessaram a noite de sexta-feira para sábado sob pesado bombardeio israelense e continuam praticamente isolados do resto do mundo por um blecaute de comunicações, que aprofunda a grave crise humanitária no território sob bloqueio.

As principais agências internacionais que operam no enclave palestino estão sem contato com seus funcionários, e as ambulâncias não conseguem chegar aos feridos, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Israel intensificou os ataques a Gaza nesta sexta-feira, com incursões terrestres e fortes bombardeios por terra, ar e mar. Segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo grupo terrorista palestino Hamas, somente neste sábado houve cerca de 400 mortes. Não é possível verificar os números de forma independente.

Não ficou claro neste sábado se a queda generalizada nas telecomunicações na Faixa de Gaza foi devido ao bombardeio israelense à infraestrutura de telefonia celular ou se Israel deliberadamente cortou o acessos dos palestinos aos serviços, disseram especialistas ao New York Times.

 

— A rede tem sofrido grandes danos desde o primeiro dia da guerra — disse AbdulMajeed Melhem, CEO do Paltel Group, principal companhia palestina de telecomunicações, informando que os ataques causam danos tanto à infraestrutura externa como aos cabos subterrâneos.

Segundo ele, as companhias israelenses cortaram subitamente a capacidade dos usuários com assinaturas de redes palestinas de usarem dados de roaming de empresa de Israel, o que teria possibilitado a pelo menos alguns moradores de Gaza ficar em contato com o resto do mundo. Funcionários israelenses não quiseram comentar a situação ao NYT.

Israel controla telecomunicações palestinas
Israel mantém um enorme controle sobre as telecomunicações palestinas. As autoridades do país é que liberam as frequências de celular e a importação de equipamentos, afirmam os especialistas. Por causa das restrições israelenses, as operadoras palestinas na Cisjordânia só conseguem oferecer redes de 3G, enquanto em Gaza, apenas de 2G.

Devido ao blecaute nas telecomunicações, o chefe da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, divulgou uma carta aberta aos funcionários dizendo que conseguiu contatar apenas um pequeno número de membros de sua equipe em Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, por onde vem entrando a escassa ajuda humanitária permitida por Israel no território.

Desde o dia 7, quando o Hamas realizou um ataque-surpresa a Israel, matando cerca de 1.400 pessoas — na maioria civis — e levando aproximadamente 230 reféns para Gaza, o território palestino está sob "cerco total".

— É mais uma ação para tentar impedir a resposta humanitária aos civis da Faixa de Gaza — disse ele.

Apenas uma média de 12 caminhões com ajuda humanitária têm entrado diariamente, embora a ONU estime que sejam necessários 100 por dia para atender às necessidades da população. Israel não deixa entrar combustíveis por temor de que o Hamas os use para atacar o país e alega que o grupo palestino mantém 500 mil litros em seu poder.

Pro sua vez, Jan Egeland, chefe da ONG Conselho de Refugiados Norueguês , disse que perdeu contato com todo o seu staff de 54 pessoas em Gaza.

"Eles fogem pelas suas vidas com suas famílias tanto no norte como no sul de um lugar densamente povoado sem nenhuma escapatóiria do bombardeio", escreveu ele na rede social X (o antigo Twitter). Dirigindo-se aos aliados de Israel, acrescentou: "EUA, Reino Unido, Alemanha, UE, não botem suas digitais nisso".

Também no X, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que o blecaute de comunicações está tornando "impossível para as ambulâncias alcançarem os feridos" e que nessas condições tampouco é possível levar os pacientes para segurança. A organização também está sem contato com seus funcionários em Gaza.

Uns poucos moradores do território que vêm relatando o conflito em suas redes conseguiram burlar o blecaute, provavelmente porque dispõem de cartões de acesso à internet estrangeiros. "Vivemos a pior noite na História de Gaza", disse Motasem Mortaja no Instagram. Já Plestia Alaqad postou apenas uma tela preta em sua conta no Instagram com as palavras: "Não há conexão ou serviço, mas ainda estou viva até agora".

Também o Fundo da ONU para as Crianças (Unicef) disse ter perdido conato com seus funcionários.

"Estou extremamente preocupada com a segurança deles e com uma noite inimaginável de horror para um milhão de crianças em Gaza", disse a diretora-executiva da organização, Catherine Russell.

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