Blinken diz em Kiev que EUA apoiará Ucrânia até que sua segurança esteja ''garantida''
O Exército russo assegurou, nesta terça, que continua "avançando rumo às defesas" ucranianas
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O secretário de Estado americano, Antony Blinken, prometeu, nesta terça-feira (14), em Kiev, que os Estados Unidos vão apoiar a Ucrânia até que esteja "garantida" sua segurança perante a Rússia, enquanto Moscou reivindicou novos avanços em sua ofensiva no nordeste do país vizinho.
"Os Estados Unidos estão do seu lado desde o primeiro dia" e "vamos continuar até que a segurança, a soberania e a capacidade da Ucrânia para escolher seu próprio caminho estejam garantidas", disse Blinken durante um discurso para estudantes na capital ucraniana.
O secretário de Estado, que chegou pela manhã a Kiev em uma visita surpresa, prometeu, durante uma reunião com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que a ajuda militar de Washington "está a caminho".
"Uma parte já chegou. E chegará mais" e "isso vai fazer uma verdadeira diferença contra a agressão russa no campo de batalha", assegurou Blinken.
'Tempo demais'
Zelensky exortou o Ocidente a acelerar a entrega de armas frente à nova ofensiva russa, iniciada na sexta-feira no nordeste da Ucrânia, após semanas de bombardeios.
"Precisamos de uma aceleração notável das entregas. Já passou tempo demais entre o anúncio dos pacotes [de ajuda] e a entrega real de armas na linha de frente", lamentou na noite desta terça-feira, após reunir-se com Blinken.
A ofensiva surpresa russa na província de Kharkiv, perto da fronteira com a Rússia e cuja capital homônima é a segunda cidade da Ucrânia, obrigou milhares de pessoas a deixarem o local.
Um bombardeio russo deixou 20 feridos nesta terça na cidade de Kharkiv, que tinha cerca de um milhão e meio de habitantes antes do início da invasão russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Uma bomba teleguiada atingiu um edifício residencial e "destruiu parte do [décimo] andar", explicou à AFP o chefe da polícia da região, Serguii Bolvinov.
O Exército russo assegurou, nesta terça, que continua "avançando rumo às defesas" ucranianas e reivindicou a tomada de um novo povoado perto da fronteira e da cidade de Vovchansk.
O ataque ocorre em um momento de fragilidade para a defesa ucraniana devido ao atraso das remessas de ajuda militar americana e europeia.
Há algumas semanas, o Congresso dos EUA votou um pacote de ajuda de 61 bilhões de dólares (R$ 313 bilhões) para a Ucrânia, que ficou bloqueado durante meses devido a questões políticas internas nos Estados Unidos, em pleno ano eleitoral.
Desde então, os Estados Unidos liberaram cerca de 1,4 bilhão de dólares (R$ 7,1 bilhões) em ajuda militar, principalmente sistemas antiaéreos Patriot e NASAMS de que a Ucrânia necessita para enfrentar os russos, bem como munições de artilharia.
O presidente ucraniano também insistiu na necessidade de receber novos meios de defesa antiaérea e reivindicou duas baterias de mísseis terra-ar Patriot para a a província de Kharkiv.
Situação 'crítica'
A situação em Vovchansk é "crítica", afirmou à televisão o chefe da administração local, Tamaz Gambarachvili, citando "bombardeios constantes" e combates "nos arredores da cidade".
Segundo o Estado-maior ucraniano, a Rússia obteve "êxitos táticos" e cerca de 30 povoados estão sob fogo inimigo. Cerca de 7 mil pessoas foram evacuadas.
Esta operação gera temores de um avanço russo frente a um Exército ucraniano carente de recursos.
Zelensky assegurou na segunda-feira que as tropas ucranianas contra-atacavam na região e que o setor tinha sido reforçado.
O chefe da segurança nacional ucraniana, Oleksandr Lytvynenko, disse em uma entrevista à AFP que "mais de 30 mil" soldados russos estavam atacando a província de Kharkiv, mas que não existia nenhuma "ameaça" por enquanto na cidade, situada a cerca de 30 km dos combates.
Em conversa por telefone com Zelensky nesta terça, o presidente francês, Emmanuel Macron, condenou "a intensificação dos bombardeios russos" na Ucrânia e a atual ofensiva no nordeste do país.
Além disso, "reiterou a determinação da França em oferecer todo o apoio necessário [...] para fazer fracassar a guerra de agressão da Rússia".
Por sua vez, o novo ministro russo da Defesa, Andrei Belousov, declarou que queria obter a vitória na Ucrânia com "mínimas perdas humanas", enquanto vários especialistas militares estimam em dezenas de milhares de mortos as perdas sofridas pelo Exército russo.