Blinken faz nova visita ao Oriente Médio, em busca de uma trégua em Gaza
Essa é aquinta viagem à região desde o início da guerra, em 7 de outubro
O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, inicia nesta segunda-feira (5) uma nova viagem pelo Oriente Médio em busca de uma trégua na guerra entre Israel e o Hamas, que mantêm intensos combates no sul da Faixa de Gaza.
Na sua quinta viagem à região desde o início da guerra, em 7 de outubro, Blinken visitará Arábia Saudita, Israel, Egito e Catar.
Antes de viajar, o diplomata destacou a necessidade de "abordar urgentemente as necessidades humanitárias de Gaza", onde grupos de ajuda alertaram para o impacto devastador dos quatro meses de guerra no território sitiado.
"A situação é indescritível", disse Said Hamuda, um palestino que fugiu de sua casa para a cidade de Rafah, no extremo sul do território, na fronteira com o Egito.
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Rafah, uma "panela de pressão do desespero" segundo a ONU, é atualmente o lar de mais de metade dos 2,4 milhões de habitantes do enclave palestino, que foram forçados a se deslocar devido aos ataques de Israel.
O Ministério da Saúde de Gaza, sob controle do grupo islamista, afirmou que pelo menos 128 pessoas morreram nas últimas 24 horas em ataques israelenses ao território.
O governo do Hamas relatou "ataques aéreos e de artilharia" ao redor de três hospitais em Khan Yunis, a principal cidade do sul da Faixa, cercados por forças israelenses.
O Exército israelense indicou que realizou "ataques direcionados" nas zonas centrais e do norte da Faixa, e que matou "dezenas de terroristas que armavam emboscadas" para os soldados em Khan Yunis.
Testemunhas disseram à AFP que bombardeios de artilharia foram ouvidos em Rafah e Khan Yunis na manhã desta segunda-feira.
Sem acordo
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda que uma vitória de Israel em Gaza aplicaria um "golpe fatal" no movimento islamista e a outros grupos pró-Irã na região, como o Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen.
Blinken pretende abordar uma proposta de trégua elaborada em janeiro pelas autoridades de Estados Unidos, Israel, Egito e Catar, reunidas em Paris.
A pressão diplomática tornou-se mais urgente com o aumento dos ataques de grupos apoiados pelo Irã em solidariedade com o Hamas, o que levou a contra-ataques dos Estados Unidos no Iraque, na Síria e no Iêmen.
A trégua proposta imporia uma pausa nos combates durante seis semanas, permitindo ao Hamas libertar reféns em troca de prisioneiros palestinos, segundo uma fonte do grupo islamista.
A guerra eclodiu após os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que deixaram cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Os responsáveis do movimento palestino, no entanto, indicaram que ainda não existe acordo e algumas autoridades israelenses se opuseram a fazer concessões.
A guerra eclodiu após os ataques sem precedentes do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que deixaram cerca de 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses.
Milicianos islamistas também sequestraram cerca de 250 reféns e, segundo Israel, 132 permanecem em Gaza, incluindo pelo menos 27 que foram dados como mortos.
Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva militar que matou pelo menos 27.478 pessoas em Gaza, a maioria mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do território.
Os habitantes de Gaza enfrentam condições humanitárias extremas. A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) afirmou na rede social X que "o acesso à água potável e ao saneamento é muito limitado em meio a bombardeios incessantes".
Esta agência está no meio de uma polêmica após acusações de que 12 de seus funcionários participaram dos ataques de 7 de outubro. Muitos países, incluindo os Estados Unidos, suspenderam o seu financiamento após essa denúncia.
Mas o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou no domingo que o corte da ajuda à UNRWA ameaça a existência de uma agência que fornece "ajuda vital a mais de 1,1 milhão de pessoas em Gaza que enfrentam fome e doenças catastróficas".
O ministro israelense da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, disse ao jornal americano Wall Street Journal que Washington não demonstrou apoio suficiente ao seu país.
"Em vez de dar o seu total apoio,
o presidente americano Joe Biden está ocupado dando ajuda humanitária e combustível [a Gaza], que vão para o Hamas", disse ele ao jornal no domingo.Ben Gvir fez estas declarações depois de os Estados Unidos terem imposto sanções contra quatro colonos israelenses devido ao aumento da violência contra civis palestinos na Cisjordânia ocupada.
Netanyahu também está sob pressão devido à situação dos reféns. Centenas de pessoas protestaram neste fim de semana em Tel Aviv para exigir eleições antecipadas.