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ÁFRICA

Bloco da África Ocidental prioriza diplomacia no Níger antes da cúpula

Vários dignitários e ministros foram presos nessas duas semanas

Coronel Major Amadou Abdramane lendo uma declaração na televisão nacionalCoronel Major Amadou Abdramane lendo uma declaração na televisão nacional - Foto: ORTN Télé Sahel/AFP

O bloco dos países da África Ocidental expressou, nesta quarta-feira (9), a sua preferência pelos meios diplomáticos para resolver a crise no Níger, sem descartar a possibilidade de intervir militarmente para "restaurar a ordem constitucional", às vésperas de uma cúpula regional.

A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) declarou em comunicado, na madrugada desta quarta-feira, que vai continuar colocando em prática "todas as disposições necessárias para garantir o retorno à ordem constitucional no Níger", ou seja, restabelecer em suas funções o presidente Mohamed Bazoum, que foi derrubado por um golpe em 26 de julho.

Desde então, Bazoum está detido em sua residência presidencial na capital Niamey, embora esteja bem de saúde, segundo pessoas próximas.

Vários dignitários e ministros de seu governo foram presos nessas duas semanas. O último foi o filho do embaixador do Níger na França, que se recusou a deixar o cargo apesar do golpe militar e foi preso na terça-feira.

O presidente da Nigéria e do bloco regional da África Ocidental, Bola Tinubu, considera, assim como seus homólogos da Cedeao, a diplomacia como "o melhor caminho", embora não descarte "nenhuma opção", afirmou nesta terça-feira o porta-voz do presidente.

Foi a primeira posição assumida por Tinubu desde que expirou, no domingo, o ultimato dado pelo bloco aos militares nigerianos para reintegrar Bazoum ao poder, sob pena de sofrer uma intervenção militar.

O bloco realizará uma cúpula na quinta-feira em Abuja, capital da Nigéria, para avaliar a situação diante da intransigência demonstrada pelos militares no poder em Niamey, que até agora ignoraram as propostas de diálogo de seus vizinhos.

Uma delegação conjunta da Cedeao, da União Africana (UA) e da ONU havia planejado visitar a capital do Níger na terça-feira, mas os militares cancelaram a visita, evocando razões de "segurança neste clima de ameaça de agressão contra o Níger".

O adiamento da visita desta delegação soma-se a mais um gesto de desafio dos novos dirigentes nigerinos: a nomeação na noite de segunda-feira de um primeiro-ministro civil, Ali Mahaman Lamine Zeine, no que parece ser o primeiro passo para a designação de um governo de transição.

A França, uma ex-potência colonial regularmente insultada em manifestações na África Ocidental, disse na terça-feira que apoia "os esforços dos países da região para restaurar a democracia" no Níger.

"Solução pacífica"
Os Estados Unidos, parceiro privilegiado da França no combate ao jihadismo que se alastra neste país rico em urânio e em grande parte da região do Sahel, também tentaram o caminho do diálogo.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que conversou com Bazoum, em prisão domiciliar em Niamey, para transmitir a ele "os esforços [de Washington] para encontrar uma solução pacífica para a atual crise constitucional".

"Ainda temos esperança, mas também somos muito realistas", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, a repórteres, lamentando o fracasso da visita Cedeao-UA-ONU.

Na segunda-feira, a número dois da diplomacia americana, a subsecretária de Estado Victoria Nuland, chegou a Niamey para se reunir com os autores do golpe, embora o general Abdourahamane Tiani, novo homem forte do Níger, não tenha participado do encontro. Ela também não conseguiu ver o presidente Bazoum.

As discussões "foram extremamente honestas e às vezes bastante difíceis", reconheceu.

Mali e Burkina Faso, ambos liderados por militares que tomaram o poder pela força em 2020 e 2022, respectivamente, mostraram sua solidariedade ao Níger, afirmando que se o país for atacado pela Cedeao, eles considerariam isso "uma declaração de guerra" contra seus próprios países.

Em duas cartas conjuntas enviadas à ONU e à UA na terça-feira, apelaram à sua "responsabilidade" para evitar "qualquer intervenção militar contra o Níger cujas consequências, humanitárias e de segurança, seriam imprevisíveis".

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