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Portugal

Blocos de carnaval de brasileiros em Lisboa fazem cortejo-protesto contra a cobrança de taxas

Participaram da manifestação 11 blocos, entre eles o Bué Tolo, Colombina Clandestina e o Viemos do Egyto

Brasileiros protestam, em Lisboa, contra taxas cobradas para festas nas ruas Brasileiros protestam, em Lisboa, contra taxas cobradas para festas nas ruas  - Foto: Raquel Pimentel/ divulgação

Organizadores de blocos de carnaval de Lisboa foram às ruas neste domingo (24) protestar contra as altas taxas cobradas para fazer a festa nas ruas. Com fantasias coloridas, ritmistas performáticos e carro de som, a manifestação reuniu cerca de 3 mil pessoas e saiu em cortejo do Martim Moniz até à Praça do Município.

De acordo com a União dos Blocos de Carnaval de Rua de Lisboa, nos últimos anos, os custos das licenças provocaram cancelamentos de cortejos, multas a organizadores, reduções de trajetos, entre outros problemas.

— Todos os blocos de carnaval de Lisboa estavam presentes. Mesmo os que não puderam tocar, estiveram aqui dando apoio. Todo mundo unido nesse movimento para que a gente consiga liberar essas taxas cobradas pela polícia e pela Câmara Municipal — conta Bianca Matos, do Baque Mulher Lisboa.

O carnaval de rua foi levado pelos brasileiros à antiga metrópole e cresceu junto com a comunidade de imigrantes do Brasil. O cortejo do bloco Colombina Clandestina este ano chegou a reunir cerca de 20 mil pessoas. A festa fez tanto sucesso que foi incluída no calendário turístico oficial de Lisboa, mas daí também vieram os desafios.

Em 2020, a Câmara Municipal de Lisboa mudou o entendimento sobre a festa. Antes classificados como manifestações, os blocos de carnaval passaram a ser tratados como eventos comerciais. E assim, os organizadores foram obrigados a pagar diversas taxas e custos associados, como de segurança e de limpeza das vias.

Apenas o pedido de licença de ocupação das ruas custa cerca de € 560 (R$ 2,9 mil), segundo o site da prefeitura, que informa o valor exato da taxa após análise do projeto. A licença de ruído também é obrigatória. Apenas para fazer o pedido custa € 178 (R$ 924). O valor da taxa também é conhecido somente depois do parecer do órgão responsável.

A manifestação deste domingo é apenas uma das ações do grupo, que já se reuniu na semana passada com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e com o chefe do setor de Cultura da Embaixada do Brasil em Lisboa, Gustavo de Sá. Em agosto, representantes dos blocos também ganharam o apoio da ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante agenda dela em Portugal. E esta semana, vão ter nova reunião com representantes do poder público na assembleia municipal para tentar resolver a questão.

"A luta pelo direito ao espaço público durante o carnaval decorre da necessária declaração do interesse público e comunitário da data, cuja preservação e apoio devem ser considerados pela Câmara Municipal de Lisboa, visto tratar-se da mais importante manifestação cultural da população brasileira residente na cidade. Esta constitui hoje cerca de 10% da população total de Lisboa", argumenta, em nota, a União dos Blocos de Carnaval de Rua de Lisboa.

Participaram do cortejo-protesto os bloco Baque do Tejo, Baque Mulher Lisboa, Blocu, Bloco Oxalá, Bué Tolo, Colombina Clandestina, Cuiqueiros de Lisboa, Lisbloco, Palhinha Maluca, Pandeiro LX, Sardinhas Nômades e Viemos do Egyto.

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