Blogueiros militares russos se dividem sobre reação de Putin ao grupo Wagner
Após o levante que abalou o Kremlin na sexta-feira (23) e no sábado (24), Putin denunciou uma "traição"
Fraqueza ou "sangue frio"? Cada vez mais influentes desde o início do conflito na Ucrânia, os blogueiros militares russos estão divididos sobre a reação do presidente Vladimir Putin à rebelião do grupo paramilitar Wagner.
Após o levante que abalou o Kremlin na sexta-feira (23) e no sábado (24), Putin denunciou uma "traição", mas disse que os manifestantes podem voltar à vida civil, ingressar no Exército, ou ir para o exílio em Belarus.
"Todos pensamos" que a resposta de Putin "estaria ligada a armas nucleares, uma mobilização geral, ou a declaração de guerra à Otan?", escreve o correspondente de guerra Alexandre Sladkov, seguido por mais de um milhão de assinantes do Telegram.
"Graças a Deus ele manteve a calma", diz o blogueiro, um apoiador do Kremlin.
Mas a ausência de castigo para os rebeldes – enquanto muitas pessoas apodrecem na prisão por tuítes críticos à ofensiva na Ucrânia - é interpretada por analistas como uma admissão de fraqueza.
Putin se esforça para mostrar que está no comando. Na terça-feira (27), prestou homenagem aos militares que, segundo ele, impediram uma "guerra civil".
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Uma cerimônia injustificada para alguns blogueiros, já que os combatentes do Wagner capturaram vários sítios militares em Rostov-on-Don (sudoeste) antes de viajarem várias centenas de quilômetros até Moscou sem encontrar grande resistência.
"A polícia militar e as forças especiais que deveriam proteger o Estado-Maior do distrito militar do sul (em Rostov) simplesmente desapareceram" com a chegada dos amotinados, destacou o blogueiro Battle_Z_Sailor, seguido por 63.000 assinantes.
"Nem uma única palavra sobre o que causou este tumulto", ou para dizer que "as reivindicações dos manifestantes serão examinadas", diz o autor do blog Govorit Topaz, com quase 100.000 seguidores.
Para o blogueiro Ribar, seguido por 1,2 milhão de assinantes, “tudo é conciso e claro” na mensagem presidencial.
"A única coisa que permanece incerta é o destino da Rússia", enfatiza.