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EDUCAÇÃO

Bloqueios deixaram universidade federal de MG com apenas R$ 71 na conta; novo corte zerou saldo

Com isso, bolsas e auxílios atrasarão: "Nitidamente irão abandonar seus cursos", diz pró-reitora sobre estudantes mais vulneráveis que dependem dos apoios

Campus da UFU, em UberlândiaCampus da UFU, em Uberlândia - Foto: Divulgação

A Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, chegou a ficar com apenas R$ 71 à disposição por conta dos bloqueios realizados pelo governo federal na última semana. Dois dias depois, no entanto, acabou tendo as contas zeradas.

No dia 28 de novembro, o governo federal bloqueou R$ 2,6 milhões, valor que a instituição contava para pagar algumas contas no fim do ano. Utilizando esse montante, ainda ficaria com uma dívida de R$ 13 milhões para 2023. Em junho, a universidade já havia sofrido um bloqueio de R$ 9 milhões.

No entanto, a verba inicialmente cortada em 28 de novembro foi, três dias depois, desbloqueada. Horas depois, em mais uma reviravolta, impedida de ser gasta novamente. No entanto, num montante ainda maior.

Além do limite de empenho de R$ 2,6 milhões ter sido zerado novamente, pagamentos já programados, de R$ 3,75 milhões, também foram cancelados. Isso significa que todos os contratos, bolsas e auxílios deixaram de receber.

— Esse recurso deixou de existir. É como se nós fossemos olhar nosso próprio saldo bancário e ele foi zerado, sem a possibilidade de usar cheque-especial. É uma situação de extrema gravidade — afirmou o reitor da UFU, Valder Stefen Júnior.
 

De acordo com Elaine Saraiva Calderari, pró-reitora de Assistência Estudantil da UFU, a Assistência Estudantil impacta 68% dos estudantes da UFU, isso significa 13 mil alunos, com ações, atividades e serviços que garantem a permanência no ensino superior público, mas também na Educação Básica, no ensino técnico e na pós-graduação.

— Neste momento, em torno de 1450 estudantes dependem diretamente de apoio financeiro da instituição para moradia, alimentação, transporte, entre outros. Estamos falando de estudantes das categorias de faixa econômica E e D, com renda per capita até um salário mínimo, que não terão como pagar suas contas para comer, sobreviver, pagar moradia. Nitidamente irão abandonar seus cursos — explica Calderari.

Um desses alunos é Mateus Santos, de 24 anos. Os R$ 880 de duas bolsas e um auxílio que recebe por mês da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), dão para pagar uma república que divide com 17 pessoas e itens de necessidades básicas. A alimentação é garantida pelo bandejão, onde ele faz todas as refeições do dia. Neste mês, no entanto, ele não sabe o que fará.

— Ainda estou devendo o empréstimo de quase R$ 4 mil que peguei quando vim para Minas Gerais para me manter até começar a receber as bolsas. Pedi para pagar o aluguel só no dia 16. Mas, sinceramente, não sei o que fazer — conta o estudante do 2º período de serviço social.

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