Bolsonaro chama de 'xaropada' notícias negativas sobre a Amazônia
Presidente do Brasil criticou o que chamou de 'mentiras' sobre a destruição da floresta
O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta sexta-feira (19), que as notícias que alertam para uma destruição irreversível da Amazônia são uma "xaropada", um dia depois de estimativas oficiais revelarem um desmatamento recorde na floresta em 15 anos.
"Tem desmatamento ilegal? Tem. É só os outros países não comprar (sic) a nossa madeira. É simples", disse o presidente em sua live semanal. "Tem queimada ilegal? Tem. Mas não é nessa proporção toda que dizem por aí. E nós combatemos isso. Agora, alguns falam, 'ah, tem que combater mais'... Você sabe o tamanho da Amazônia?", acrescentou.
Bolsonaro não se referiu diretamente aos dados divulgados na quinta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que estimam um desmatamento de 13.235 km² entre agosto de 2020 e julho de 2021, um aumento de 22% em relação ao período anterior e o pior nível em 15 anos. Mas criticou o que chamou de "mentiras" sobre a destruição da Amazônia, 60% da qual ficam no Brasil.
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"Enquanto a gente rala feito um desgraçado para levar o bom nome do Brasil lá fora, vão péssimos brasileiros para fora do Brasil para criticar o Brasil. Falar mentiras sobre a Amazônia, por exemplo", afirmou o presidente. "Olha a matéria de agora: 'Amazônia está perto de ponto irreversível e pode virar deserto'. A mesma xaropada de sempre. Matéria na maioria das vezes patrocinada por brasileiros, que estão trabalhando contra seu país", acrescentou.
O aumento do desmatamento no período 2020-2021, o terceiro aumento anual durante o governo Bolsonaro, põe em xeque a promessa do Brasil de reverter esta tendência e eliminar o desmatamento ilegal em 2028, como se comprometeu na última conferência das Nações Unidas sobre o clima, a COP26.
O governo é acusado de ter atrasado deliberadamente a divulgação dos dados até depois da COP26 para evitar novas críticas internacionais, que o responsabilizam por promover estas altas fragilizando a fiscalização no bioma e com seu discurso favorável às atividades extrativistas em áreas protegidas.
Segundo cientistas, vários locais do planeta estão expostos a momentos decisivos, pontos de inflexão que podem afetar todo o ecossistema do planeta. A floresta amazônica pode sofrer um processo de "savanização", que afetaria de forma irremediável a capacidade do planeta de absorver o CO2.