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Bolsonaro ignora vitória de Biden pelo 6º dia e pergunta se eleições já acabaram nos EUA

A apuração ainda não foi encerrada nos EUA e deverá levar mais alguns dias para ser concluída, como tradicionalmente ocorre nos pleitos no país

Jair Bolsonaro e Donald TrumpJair Bolsonaro e Donald Trump - Foto: Jim Watson / AFP

Pelo sexto dia seguido, o presidente Jair Bolsonaro ignora a vitória do democrata Joe Biden nas eleições americanas. Nesta quinta-feira (12), ele questionou de forma irônica se a disputa já havia terminado.

Bolsonaro até o momento não parabenizou o presidente eleito, diferentemente de outros líderes mundiais, entre os quais aliados de Donald Trump. No início da noite desta quinta, ao chegar ao Palácio do Alvorada, ele parou para conversar com apoiadores. Uma mulher pediu para tirar uma foto com o presidente e acrescentou que o retrato seria enviado a Miami, nos Estados Unidos.

No estado da Flórida, o preferido de Bolsonaro, o atual presidente Trump, venceu. No entanto, pelas projeções de veículos americanos de imprensa, Biden já atingiu os votos necessários no Colégio Eleitoral, sistema indireto que define a Presidência nos EUA, para assumir a Casa Branca em 20 de janeiro.

"Está acompanhando as eleições lá? Qual tua opinião?", questionou Bolsonaro. "Uma tristeza", responde a apoiadora. O presidente, então, de forma irônica, acrescenta: "Mas já acabaram as eleições lá?".

A apuração ainda não foi encerrada nos EUA e deverá levar mais alguns dias para ser concluída, como tradicionalmente ocorre nos pleitos no país. Biden, porém, já tem margens de votos suficientes para atingir mais do que os 270 delegados necessários para ser eleito.

Sem um sistema eleitoral centralizado, o vencedor é conhecido após projeções da imprensa com base nas apurações estaduais. Normalmente o anúncio da imprensa é suficiente para que o perdedor admita o resultado, mas Trump insiste, sem apresentar provas, que houve fraude eleitoral.

Além de ter preferência pelo republicano, Bolsonaro não gostou de declarações de Biden durante o primeiro debate presidencial americano, quando o democrata disse que "a floresta tropical no Brasil está sendo destruída" e que poderia impor sanções e mobilizar até US$ 20 bilhões (R$ 108,4 bilhões) para ajudar na proteção da Amazônia. À época, o presidente brasileiro classificou a fala como lamentável.

O silêncio diante da vitória democrata contrasta com a atitude de outros presidentes brasileiros. Em 1988, os americanos escolheram o republicano George H. W. Bush como líder do país. A Folha de S.Paulo do dia 10 de novembro, dois dias após a eleição, trouxe a manifestação do então presidente José Sarney.

Quatro anos depois, foi a vez do então presidente Itamar Franco felicitar Bill Clinton por ter vencido o pleito disputado em 3 de novembro. Ele enviou um telegrama a Clinton no dia seguinte e classificou o êxito do jovem governador do Arkansas como uma "vitória da democracia".

Em 1996, Clinton se reelegeu com folga em uma votação em 5 de novembro. A Folha de S.Paulo do dia 7 informou que o então presidente Fernando Henrique Cardoso enviara carta ao democrata dizendo que estava disposto a auxiliá-lo a "construir uma ponte" ao próximo século.

A eleição dos EUA que também teve um tumultuado período pós-votação foi a de 2000, quando George Bush -filho do homem parabenizado por Sarney em 1988- enfrentou o então vice-presidente Al Gore.

A população foi às urnas em 7 de novembro, mas na noite da disputa ainda não estava claro quem era o vencedor. A margem na Flórida foi apertada. Houve batalha judicial ao longo de um mês.

A distância entre Bush e Gore na Flórida, porém, chegou a estar na casa das centenas de votos, e todo o litígio se concentrou em um estado. FHC enviou as felicitações a Bush depois da decisão da Suprema Corte que lhe garantiu a Presidência.

Na disputa pela reeleição, Bush teve uma vitória um pouco mais folgada e recebeu rápidos cumprimentos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2008, no dia seguinte à eleição do primeiro presidente negro dos EUA, Lula classificou a vitória de Barack Obama como um "feito extraordinário". Dilma Rousseff foi ágil ao dar os parabéns pela reeleição de Obama, em novembro de 2012.

Quatro anos depois, o então presidente Michel Temer comentou o resultado das eleições dos EUA logo após a confirmação da vitória de Trump.

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