Guerra

Bombardeio israelense mata dez parentes de líder político do Hamas, dizem autoridades palestinas

Em abril, já haviam morrido três de seus filhos e quatro netos em ataques feitos por Israel, segundo Ismail Haniyeh

Líder do Hamas, Ismail Haniyeh, fala com repórteres em Doha: palestino desembarcou no Cairo nesta quarta Líder do Hamas, Ismail Haniyeh, fala com repórteres em Doha: palestino desembarcou no Cairo nesta quarta  - Foto: Iranian Foreign Ministry / AFP

O Exército israelense bombardeou a Faixa de Gaza nesta terça-feira e as autoridades palestinas relataram a morte de dez familiares do líder do braço político do Hamas, Ismail Haniyeh, entre eles Zahr, sua irmã.

As autoridades locais de Gaza informaram que um bombardeio atingiu o campo de refugiados de al-Shati, no norte do enclave palestino governado pelo Hamas desde 2007, matando pelo menos 13 pessoas.

Segundo o porta-voz da Defesa Civil do enclave, Mahmoud Basal, "vários mártires permanecem sob os escombros".

O Exército israelense, contatado pela AFP, afirmou que não pode confirmar a informação, mas disse que atacou combatentes do Hamas que estavam "dentro de complexos escolares" em al-Shati e em outra região do norte de Gaza durante a noite.

As forças israelenses afirmaram ainda que esses combatentes estiveram envolvidos no ataque terrorista de 7 de outubro, que desencadeou a guerra.

Haniyeh, que vive no Catar e contra quem o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI) solicitou mandados de prisão, perdeu três dos seus filhos e quatro netos em um bombardeio em abril.

De acordo com a rede al-Jazeera, um drone atingiu o carro da família no campo de refugiados de al-Shati, no norte do enclave.

Na ocasião, um comunicado do Exército de Israel, "os três agentes" visados no ataque aéreo eram Amir, Mohammed e Hazem Haniyeh, acrescentando que os homens eram membros da ala militar do Hamas e estavam "prestes a realizar um ato terrorista", citou o jornal israelense Hareetz.

"Permanecer unidos"
Em paralelo, os EUA pressionam Israel para evitar uma nova escalada na fronteira com o Líbano, onde as forças israelenses trocam ataques quase diários com o movimento xiita libanês Hezbollah.

No domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse em entrevista que "a fase intensa da guerra está prestes a terminar em Rafah" e que isso permitirá que "algumas forças sejam realocadas para o norte".

Durante a viagem do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, a Washington, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, instou-o a evitar uma "escalada" em Beirute.

Blinken sublinhou ainda a importância de se chegar a um acordo entre Israel e Hamas que "garanta a libertação de todos os reféns e alivie o sofrimento do povo palestino".

As negociações para uma trégua estão atualmente paralisadas.

O Hamas insiste que qualquer acordo de trégua deve incluir "um cessar-fogo permanente e uma retirada completa" das tropas israelenses de Gaza, algo que Netanyahu rejeita.

A viagem de Gallant, por sua vez, busca aliviar a tensão após Netanyahu ter acusado Washington de atrasar a entrega de armas e munições, algo que os EUA negam, porque afirmam que apenas retiveram um envio de bombas pesadas, na época, diante do temor de uma ação em larga escala contra a cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza.

O ministro da Defesa assumiu uma postura mais conciliatória e afirmou:

— Devemos resolver rapidamente as diferenças entre nós e permanecer unidos.

Internamente, o governo israelense enfrenta um revés depois que a Suprema Corte decidiu, nesta terça-feira, que os estudantes ultraortodoxos das escolas talmúdicas, até agora isentos de obrigações militares, devem se alistar no Exército.

A decisão complica as coisas para o premier, que governa com uma coalizão de partidos de direita e de extrema direita, alguns deles ultraortodoxos.

Crianças mutiladas diariamente
O conflito em Gaza eclodiu quando combatentes do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram 1,2 mil pessoas, a maioria civis, e fizeram mais de 250 — dos quais 116 ainda estão detidos no enclave palestinos, e entre os quais 42 teriam morrido, segundo o Exército israelense.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza, que já deixou mais de 37,6 mil mortos, a maioria mulheres e menores de idade, segundo o Ministério da Saúde do território.

O elevado número de mortes de civis em Gaza gerou indignação em todo o mundo e dezenas de manifestantes esperaram Gallant chegar ao seu encontro com Blinken para gritar "criminoso de guerra".

Além da ofensiva militar, Israel impôs — dois dias após iniciar o conflito — um cerco a Gaza que impede a entrada de alimentos, combustível, água e medicamentos.

No enclave, quase meio milhão de pessoas sofrem de fome "catastrófica", segundo um relatório publicado nesta terça e respaldado pela ONU.

O diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA), Philippe Lazzarini, alertou que todos os dias, em média, dez crianças em Gaza perdem uma ou duas pernas, citando números do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), e especificou que os dados não incluem menores que perdem um braço ou uma mão.

A UNRWA enfrenta uma crise desde janeiro, depois que Israel acusou dezenas dos seus 13 mil funcionários de envolvimento no ataque de 7 de outubro. Lazzarini afirmou que a agência tem recursos para funcionar até o final de agosto.

Na segunda-feira, familiares das vítimas do ataque do Hamas a Israel processaram a UNRWA, em Nova York, onde está localizada a sede da ONU.

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