Bombardeio russo contra restaurante do leste da Ucrânia deixa 10 mortos
Além do restaurante, prédios, estabelecimentos comerciais, veículos e uma agência dos correios também foram atingidos
Dez pessoas morreram e mais de 60 ficaram feridas, de acordo com um balanço atualizado, em um bombardeio russo que consumiu um restaurante da cidade de Kramatorsk, na região leste da Ucrânia, na terça-feira (27).
"Dez pessoas morreram e 61 ficaram feridas no ataque russo a Kramatorsk", afirmou a polícia ucraniana no Facebook.
Três menores de idade estão entre as vítimas fatais e uma criança nascida em 2022 está entre os feridos, anunciou o Serviço de Emergências da Ucrânia no Telegram.
A explosão de terça-feira abasteceu o restaurante Ria Pizza, um local muito procurado por soldados e jornalistas em Kramatorsk, o último grande centro urbano sob controle ucraniano no leste do país.
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A imprensa ucraniana citou a presença de instrutores militares estrangeiros na cidade.
As operações de resgate prosseguem e sete pessoas foram resgatadas com vida dos escombros, de acordo com o serviço de emergências.
De acordo com a polícia da Ucrânia, a Rússia disparou dois mísseis terra-ar S-300 contra a cidade, que tinha 150 mil habitantes antes da guerra.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou nesta quarta-feira que a "Rússia não ataca infraestruturas civis, ataca instalações vinculadas, de uma maneira ou outra, às infraestruturas militares".
O ataque deixou três colombianos levemente feridos: o ex-comissário de paz Sergio Jaramillo, o escritor Héctor Abad Faciolince e a jornalista Catalina Gómez.
Os três estavam jantando no restaurante com a escritora ucraniana Victoria Amelina, 37 anos, que está em "condição crítica por uma lesão na cabeça, provavelmente causado por estilhaços de vidro e vigas", afirmaram os colombianos em um comunicado.
Abad e Jaramillo destacaram que os três colombianos desembarcaram na Ucrânia para "expressar a solidariedade da América Latina com o povo da Ucrânia diante da bárbara e invasão ilegal russa".
Além do restaurante, outros imóveis também foram atingidos: prédios, estabelecimentos comerciais, veículos e uma agência dos correios.
Um correspondente da AFP registrou a presença de um número elevado de ocorrências, esperas e militares, assim como de moradores das proximidades do restaurante bombardeado.
Coberto de poeira, o cozinheiro Roslan, 32 anos, disse que "havia bastante gente" no restaurante. "Tive sorte."
Localizada ao oeste da cidade devastada de Bakhmut, cenário da batalha mais violenta e prolongada da guerra, Kramatorsk já foi atingida por vários bombardeios russos.
O mais grave teve como alvo a estação operada da cidade em abril de 2022, um ataque que deixou 61 mortos e mais de 160 feridos poucas semanas após o início da invasão russa, no momento em que muitos civis tentaram abandonar a localidade.
Kramatorsk, um importante entroncamento ferroviário, é a capital regional de fato desde que as cidades de Donetsk e Lugansk foram capturadas em 2014 por separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou.
Prigozhin na Bielorrússia
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, minimizou o impacto para o conflito das divisões internas evidenciadas na Rússia após a rebelião do fim de semana do grupo paramilitar Wagner e seu fundador, Yevgueni Prigozhin.
"Infelizmente, Prigozhin se rendeu muito rapidamente. Não houve tempo para que o efeito desmoralizante penetrasse nas trincheiras russas", disse Kuleba ao canal CNN.
Prigozhin foi recebido na terça-feira em Belarus, após um acordo que acabou com o motim do grupo paramilitar na Rússia, anunciou o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, considerou que é muito cedo para tirar a transferência de Prigozhin para Belarus, mas destacou que a organização está preparada para defender seus membros.
"Enviamos uma mensagem clara a Moscou a Minsk de que a Otan está na região para proteger cada aliado e cada parcela do território da Otan", disse.
Ainda é necessário aguardar para analisar o impacto da tentativa de rebelião, mas o Kremlin contestou que o presidente Vladimir Putin tenha saído enfraquecido da pior crise que planejou em suas duas décadas no poder.
Em uma tentativa de consolidar sua posição, Putin se reuniu com os comandantes das Forças Armadas e agradeceu os militares, que segundo ele evitaram uma guerra civil provocada pela rebelião do grupo de mercenários.
"O exército e a população não estavam do lado dos amotinados", afirmou Putin na terça-feira.