Bombardeio russo deixa Kherson sem luz e dois mortos
Libertada pelo exército ucraniano há um mês, a cidade tem sido alvo de bombardeios russos quase diários desde então
Kherson, a grande cidade do sul da Ucrânia recentemente recuperada por Kiev, foi bombardeada novamente nesta quinta-feira (15) pelas forças russas, num ataque que matou duas pessoas e deixou a cidade sem energia no auge do inverno.
"O inimigo voltou a atacar o centro da cidade, a 100 metros da administração regional" bombardeada no dia anterior, afirmou o chefe adjunto da administração presidencial ucraniana, Kyrylo Tymoshenko, no Telegram.
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O bombardeio deixou "dois mortos", acrescentou.
Pouco depois, o governador regional, Yaroslav Yanushevych, informou que os ataques deixaram a cidade "totalmente sem energia elétrica".
A Rússia lança mísseis e drones contra infraestruturas de energia de Kherson e de outras cidades ucranianas desde outubro.
Milhões de ucranianos agora têm apenas algumas horas de eletricidade por dia, com cortes de água e aquecimento, em meio a temperaturas congelantes.
Libertada pelo exército ucraniano há um mês, a cidade de Kherson tem sido alvo de bombardeios russos quase diários desde então.
"A situação vai continuar"
"Temos feridos praticamente todos os dias e mortes praticamente todos os dias. E esta situação vai continuar", afirmou uma autoridade regional, Yuri Sobolevsky, citado nesta quinta-feira pela televisão pública Suspilné.
No dia anterior, um ataque que atingiu a administração regional causou seis feridos, segundo a Promotoria regional.
Na região de Kherson, três civis morreram e 13 ficaram feridos na quarta-feira, informou Tymoshenko no Telegram.
Entre as vítimas está um menino de oito anos que não resistiu aos ferimentos, acrescentou um porta-voz militar da região.
Diante de ataques quase constantes e das difíceis condições de vida em Kherson, as autoridades pedem aos moradores que se retirem da cidade para áreas mais seguras, disse Sobolevsky.
Centenas de pessoas saem da cidade todos os dias, segundo este funcionário.
No total, cerca de 11 mil moradores deixaram Kherson desde o anúncio das evacuações voluntárias pelas autoridades ucranianas, estimou a vice-primeira-ministra Iryna Vereshchuk.
"Infelizmente, os bombardeios permanentes impedem que a capital regional recupere totalmente sua vida normal", disse ela. "Veja o que a Rússia está fazendo com Kherson hoje", acrescentou.
Logo após o início da invasão russa em fevereiro, as forças de Moscou ocuparam a cidade - que até então tinha uma população de cerca de 300 mil habitantes - e praticamente toda a região.
Quando o exército ucraniano tomou a cidade das forças russas, essas tiveram que se retirar para a outra margem do rio Dnieper.
Antes de sua retirada, porém, os russos destruíram a infraestrutura dos serviços públicos básicos, segundo as autoridades locais.
No leste da Ucrânia, a situação no front permanece tensa.
Na região de Donetsk, "as direções de Bakhmut e Avdivka continuam sendo o epicentro dos combates", disse o vice-ministro da Defesa ucraniano, Ganna Maliar, nesta quinta-feira.
Bombardeio "massivo" em Donetsk
As autoridades separatistas pró-Rússia relataram nesta quinta-feira um bombardeio ucraniano em Donetsk, "o mais massivo desde 2014", ano em que a cidade ficou sob o controle desses rebeldes apoiados por Moscou.
Pelo menos um civil morreu e nove outros ficaram feridos, afirmou Alexei Kulemzin, chefe do governo russo de Donetsk.
No plano internacional, a ONU anunciou ter registrado centenas de execuções sumárias de civis durante os primeiros meses da invasão russa, o que aponta para possíveis "crimes de guerra".
Uma comissão de investigação da ONU registrou 441 execuções sumárias e mortes em três regiões da Ucrânia - Kiev, Chernihiv e Sumi - durante sua ocupação entre o final de fevereiro e o início de abril, informou o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.
"Os números reais provavelmente são consideravelmente maiores", acrescentou.
O Parlamento Europeu reconheceu nesta quinta-feira que a fome stalinista que matou milhões na Ucrânia na década de 1930 foi um "genocídio". Moscou rejeita que essa tragédia seja descrita dessa maneira.