Bombardeios em Gaza já atingiram 8 mil residências, 27 hospitais e 167 escolas; veja mapa e números
Relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários aponta danos graves à infraestrutura de serviços essenciais da região, como saúde, educação e saneamento
Os palestinos de Gaza continuaram encontrando corpos, nesta quarta-feira (18), um dia após o bombardeio ao Hospital Árabe al-Ahli deixar centenas de mortos e abrir uma disputa de versões entre Israel e Hamas. Autoridades de saúde do enclave, governado pelo grupo islamita palestino, afirmaram nesta quarta-feira que pelo menos 471 pessoas morreram no ataque aéreo à unidade de saúde, localizada no centro da Faixa de Gaza.
Lideranças da região atribuem o bombardeio de terça-feira à noite a um ataque aéreo de Israel, em resposta à ofensiva do Hamas em território israelense em 7 de outubro, que deixou mais de 1.400 mortos e quase 200 reféns sequestrados. Já o Exército israelense afirma ter "evidências" de que "a explosão foi provocada pelo lançamento de um foguete da Jihad Islâmica, que falhou".
O ataque no Hospital al-Ahli alavancou a tensão do conflito e agravou a tragédia humanitária que se alastrou por Gaza desde o início do conflito em meio a bombardeios e ao "cerco total" de comida, água e energia imposto por Tel Aviv. Veja o mapa da infraestrutura e dados da destruição durante a guerra.
O número de mortos na guerra subiu para 3.478 pessoas no enclave palestino, dos quais 70% seriam crianças, mulheres e idosos, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. Os ataques teriam deixado ainda 12.065 feridos e um número estimado de 1,3 mil pessoas soterradas em escombros de prédios atingidos por até esta quarta-feira, o 12º dia do conflito. Em Israel, foram confirmadas 1,3 mil mortes e 4,2 mil feridos, a maior parte deles em 7 de outubro.
Além das perdas humanas, dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) apontam que, além do al-Ahli, outros 26 hospitais foram danificados em bombardeios — quatro deles (Beit Hanoun, Hamad Rehabilitation, Al Karama e Ad Dura), ao norte de Gaza, foram evacuados e pararam completamente os atendimentos. Outros funcionam em capacidade mínima.
Antes do ataque ao hospital Al Ahli, a Organização Mundial da Saúde já havia documentado 57 ataques a unidades de saúde, que resultaram na morte de ao menos 16 profissionais da área. Por causa dos bombardeios, 23 ambulâncias foram afetadas.
Os ataques também prejudicaram estruturas residenciais e educacionais de Gaza. Até 14 de outubro, segundo dados do Ministério das Obras Públicas de Gaza compilados pelo Ocha, 8.840 unidades habitacionais tinham sido destruídas e 5.434 foram danificadas e tornaram-se inabitáveis. Até 16 de outubro, 167 instalações de ensino foram atingidas por ataques aéreos, incluindo pelo menos 20 unidades da UNRWA e duas que eram usadas como abrigos de emergência para deslocados internos.
Leia também
• Com veto dos EUA, Conselho de Segurança rejeita resolução do Brasil sobre a guerra entre Israel e o Hamas
• Israel autoriza entrada de ajuda humanitária em Gaza a partir do Egito
• Saiba como as criptomoedas ajudaram a financiar o ataque do Hamas a Israel
Na tarde desta terça-feira, segundo o Ocha, um bombardeio atingiu uma escola da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) que fica no campo de refugiados de Al Maghazi, no centro de Gaza, e que abriga cerca de 4 mil deslocados internos. Pelo menos seis pessoas morreram e dezenas ficaram feridas, de acordo com funcionários da entidade.
Um edifício universitário e sete igrejas também foram danificados e pelo menos onze mesquitas foram destruídas, segundo o relatório mais recente do Ocha. Houve danos, ainda, às instalações de água e saneamento. Até 12 de Outubro, pelo menos seis poços de água, três estações de bombeamento, um reservatório de água e uma usina de dessalinização que atende mais de 1 milhão de pessoas foram danificados.
O relatório mais recente do Ocha contabiliza mais de 1 milhão de pessoas deslocadas internamente em Gaza por causa do conflito. Entre elas, há mais de 352 mil que permanecem em abrigos de emergência designados pela UNRWA no centro e no sul da região. O número de deslocados internos nos abrigos da UNRWA na cidade de Gaza e no norte não foi divulgado. Outros cerca de 55 mil deslocados estão alojados em 51 abrigos desvinculados à ONU, a maioria na cidade e no norte.