Bombardeios israelenses matam ao menos 54 pessoas em Gaza, incluindo em zona humanitária segura
Entre os mortos no acampamento humanitário de al-Mawasi estavam o chefe da agora desmantelada polícia do território palestino, Mahmoud Salah, e seu adjunto, Hussam Shahwan
Ataques israelenses deixaram ao menos 54 mortos na Faixa de Gaza nesta quinta-feira, sendo 11 em uma zona declarada humanitária no sul do enclave, em al-Mawasi. Entre os mortos no acampamento humanitário estavam o chefe da agora desmantelada polícia do território palestino, Mahmoud Salah, e seu adjunto, Hussam Shahwan, de acordo com o Ministério do Interior de Gaza, administrado pelo grupo terrorista Hamas.
Leia também
• Autores de ataque em Nova Orleans e explosão em Las Vegas serviram em mesma base e no Afeganistão
• Irã registra manifestações em aniversário de morte de general da Guarda Revolucionária
• Mais de 17 mil menores estão desacompanhados em Gaza, e reuni-los com as famílias é quase impossível
"Onze pessoas foram martirizadas, inclusive três crianças e duas mulheres, e 15 ficaram feridas depois que aviões da ocupação [israelense] bombardearam uma barraca com pessoas deslocadas na região de al-Mawasi, a oeste da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza", informou a Defesa Civil em um comunicado.
O Exército israelense confirmou o bombardeio noturno na região de Khan Younis, no sul do enclave, e disse que tinha como alvo Shahwan, por seu suposto envolvimento no planejamento de atentados contra tropas israelenses. Segundo a nota, ele "era responsável por analisar avaliações de inteligência em coordenação com [...] o braço armado do Hamas" em ataques contra as forças israelenses em Gaza. A morte de Salah não foi mencionada.
Em nota, o Ministério do Interior de Gaza, chefiado pelo movimento islamista palestino, condenou a morte dos dois altos funcionários, afirmando que "estavam cumprindo seu dever humanitário e nacional de servir ao nosso povo".
"Ao cometer o crime de assassinar o diretor-geral da polícia na Faixa de Gaza, a ocupação insiste em espalhar o caos e aprofundar o sofrimento humano dos cidadãos", disse o Hamas em um comunicado.
Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), condenou o bombardeio. "Mais um lembrete de que não há zona humanitária, muito menos uma 'zona segura' em Gaza", escreveu na rede social X.
Também houve outros ataques aéreos nesta quinta-feira, deixando ao menos 43 mortos. Os ataques ocorreram no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza, no campo da praia de al-Shati e no campo de Maghazi, no centro de Gaza. Mais tarde, outros ataques separados ocorreram no centro da Cidade de Gaza e no distrito de Zeitoun, disseram médicos.
O Exército israelense não fez comentários sobre esses bombardeios.
Na véspera, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, ameaçou intensificar os ataques em Gaza se o Hamas continuar disparando foguetes em direção a Israel. Os disparos dos últimos dias causaram poucos danos em Israel, mas são vistos como um golpe político para o governo israelense após mais de um ano de guerra.
O número de foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza é significativamente inferior ao do início da guerra, iniciada em 7 de outubro de 2023 com o ataque letal do Hamas em solo israelense. Katz também exigiu a libertação dos reféns retidos no território pelo movimento islamista palestino.
Os últimos ataques na guerra de 15 meses entre Israel e o Hamas ocorrem enquanto as negociações para um acordo de cessar-fogo para reféns estão novamente estagnadas, apesar da pressão para fazê-lo antes que Donald Trump seja empossado como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro.
A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro do ano passado, quando o grupo terrorista islamista palestino Hamas atacou Israel, deixando 1.208 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses. A campanha de retaliação israelense custou mais de 45.500 vidas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas. A ONU considera os números confiáveis.