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Guerra

Bombardeios israelenses matam ao menos 54 pessoas em Gaza, incluindo em zona humanitária segura

Entre os mortos no acampamento humanitário de al-Mawasi estavam o chefe da agora desmantelada polícia do território palestino, Mahmoud Salah, e seu adjunto, Hussam Shahwan

Um homem palestino vestindo uma jaqueta manchada de sangue caminha em meio aos escombros após um ataque israelense que atingiu um prédio administrativo em Khan Younis Um homem palestino vestindo uma jaqueta manchada de sangue caminha em meio aos escombros após um ataque israelense que atingiu um prédio administrativo em Khan Younis  - Foto: Bashar Taleb/AFP

Ataques israelenses deixaram ao menos 54 mortos na Faixa de Gaza nesta quinta-feira, sendo 11 em uma zona declarada humanitária no sul do enclave, em al-Mawasi. Entre os mortos no acampamento humanitário estavam o chefe da agora desmantelada polícia do território palestino, Mahmoud Salah, e seu adjunto, Hussam Shahwan, de acordo com o Ministério do Interior de Gaza, administrado pelo grupo terrorista Hamas.

"Onze pessoas foram martirizadas, inclusive três crianças e duas mulheres, e 15 ficaram feridas depois que aviões da ocupação [israelense] bombardearam uma barraca com pessoas deslocadas na região de al-Mawasi, a oeste da cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza", informou a Defesa Civil em um comunicado.

O Exército israelense confirmou o bombardeio noturno na região de Khan Younis, no sul do enclave, e disse que tinha como alvo Shahwan, por seu suposto envolvimento no planejamento de atentados contra tropas israelenses. Segundo a nota, ele "era responsável por analisar avaliações de inteligência em coordenação com [...] o braço armado do Hamas" em ataques contra as forças israelenses em Gaza. A morte de Salah não foi mencionada.

Em nota, o Ministério do Interior de Gaza, chefiado pelo movimento islamista palestino, condenou a morte dos dois altos funcionários, afirmando que "estavam cumprindo seu dever humanitário e nacional de servir ao nosso povo".

"Ao cometer o crime de assassinar o diretor-geral da polícia na Faixa de Gaza, a ocupação insiste em espalhar o caos e aprofundar o sofrimento humano dos cidadãos", disse o Hamas em um comunicado.

Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), condenou o bombardeio. "Mais um lembrete de que não há zona humanitária, muito menos uma 'zona segura' em Gaza", escreveu na rede social X.

Também houve outros ataques aéreos nesta quinta-feira, deixando ao menos 43 mortos. Os ataques ocorreram no campo de refugiados de Jabaliya, no norte de Gaza, no campo da praia de al-Shati e no campo de Maghazi, no centro de Gaza. Mais tarde, outros ataques separados ocorreram no centro da Cidade de Gaza e no distrito de Zeitoun, disseram médicos.

O Exército israelense não fez comentários sobre esses bombardeios.

Na véspera, o ministro israelense da Defesa, Israel Katz, ameaçou intensificar os ataques em Gaza se o Hamas continuar disparando foguetes em direção a Israel. Os disparos dos últimos dias causaram poucos danos em Israel, mas são vistos como um golpe político para o governo israelense após mais de um ano de guerra.

O número de foguetes disparados a partir da Faixa de Gaza é significativamente inferior ao do início da guerra, iniciada em 7 de outubro de 2023 com o ataque letal do Hamas em solo israelense. Katz também exigiu a libertação dos reféns retidos no território pelo movimento islamista palestino.

Os últimos ataques na guerra de 15 meses entre Israel e o Hamas ocorrem enquanto as negociações para um acordo de cessar-fogo para reféns estão novamente estagnadas, apesar da pressão para fazê-lo antes que Donald Trump seja empossado como presidente dos Estados Unidos em 20 de janeiro.

A guerra em Gaza eclodiu em 7 de outubro do ano passado, quando o grupo terrorista islamista palestino Hamas atacou Israel, deixando 1.208 mortos, a maioria civis, segundo um relatório da AFP baseado em números oficiais israelenses. A campanha de retaliação israelense custou mais de 45.500 vidas em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas. A ONU considera os números confiáveis.

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