'Boom' da traição

'Boom' da traição: aplicativo de encontros extraconjugais vê número de usuários no Rio quadruplicar

No Dia Mundial do Casamento, celebrado neste fim de semana, muitos cônjuges vão preferir comemorar fora de casa; são 45 mil assinantes apenas no estado

Foto: Divulgação

O próximo domingo marca uma data pouco conhecida até mesmo dos casais mais apaixonados: o Dia Mundial do Casamento. Celebrado no segundo domingo de fevereiro há divergências quanto à data e alguns sites apontam a comemoração em 12 de fevereiro , o dia é dedicado especialmente para os cônjuges. No entanto parece que muitos casais não estão afim de uma festinha em casa. O aplicativo Gleeden, voltado para encontros discretos de pessoas comprometidas, viu o número de usuários quadriplicar no Rio em 2021.

O estado é o segundo do país com o maior número de assinantes: são 45 mil comprometidos que, de certa forma, estão atrás de uma aventura fora do casamento. Mas sempre no sigilo. No ranking fluminense, a capital aparece em primeiro lugar seguida pelas cidades de Niterói, Petrópolis, Resende, Cabo Frio e Barra Mansa.

Traições podem ter motivos individuais, como insegurança ou baixa autoestima, ou do relacionamento, como conflitos constantes ou falta de admiração e atração pelo parceiro. Muitas vezes quem trai não busca o fim do relacionamento, mas sim uma salvação. É como se fosse uma fuga para não olhar para a própria relação, uma maneira de sair da realidade de casa. É claro que isso não é uma justificativa e nem um incentivo, mas isso pode sim acontecer explica a psicóloga Renata de Azevedo, especialista em relacionamentos.

A psicóloga Vanessa Gebrim aponta ainda outros motivos:

A busca por novidades ou a falta de amor no relacionamento, impedindo o término por indecisão, podem levar a traições. Pessoas impulsivas ou com raiva também estão mais propensas a pular a cerca. A necessidade de trair pode também estar ligada a algum transtorno, que precisa ser investigado clinicamente detalha.

Para a representante comercial Flor (nome fictício), de 35 anos, vingança contra o marido foi o motivo para ela entrar no aplicativo, em maio do ano passado. Flor conta que descobriu um caso extraconjugal do parceiro e quis pagar com a mesma moeda. De lá para cá, foram vários encontros. E o casamento segue mantido.

Perdoei, ele prometeu não repetir o erro, mas não fiquei em paz. Foi quando vi um anúncio do aplicativo num site e fiz o meu cadastro. Hoje me sinto mais realizada, mas confesso que às vezes fico culpada por fazer isso com ele. Mas quem me garante que ele também não segue me traindo? Acho que estamos felizes assim.

Em todo o país, o aplicativo alcançou a marca de cerca de 200 mil assinantes em apenas um ano, o que faz do Brasil o que mais cresce no Gleeden em todo o mundo. Para esse ano, a meta é ousada: é esperado atingir 500 mil assinantes até o final de 2022 no Brasil. A diretora de comunicação e marketing do Gleeden para Espanha e América Latina, Silvia Rubies, destaca os diferentes modelos de relacionamento que tem surgido recentemente.

Os relacionamentos na internet e namoro online vieram para ficar e a cada ano que o mercado se fortalece, acompanhamos a tendência e nos consolidamos como o maior aplicativo de relações não monogâmicas do mundo afirma Silvia, que completa: No Gleeden, damos as boas-vindas a todos, o que significa que não apenas pessoas infiéis estão se inscrevendo no aplicativo, mas também pessoas poliamorosas e casais abertos.

Em uma recente pesquisa realizada com mais de 12 mil usuários brasileiros mostra que o grande impulsor para encontros extraconjugais foi o desgaste no relacionamento. Entre eles, 100% justificaram a pandemia como o motivo para que tivessem vontade de fazer sexo com novas pessoas. Além disso, o tempo médio de conexão durante o ano aumentou em meia hora por dia, com um tempo médio diário total de conexão de três horas.

Minha relação nunca foi perfeita, mas na pandemia piorou bastante. Vieram o estresse, o aperto financeiro depois que ela perdeu o emprego e o home office da minha empresa, que nos fez ficar em casa praticamente durante todo o tempo em 2020. Dali para frente, não consegui mais transar apenas com a minha esposa e passei a precisar de sexo com outras mulheres, também casadas conta João (nome fictício), de 36 anos.

A psicóloga Renata de Azevedo acredita que a pandemia da Covid intensificou a tendência de traição e acelerou o processo para relacionamentos que já não estavam caminhando bem. Segundo ela, o confinamento levou as pessoas a perderem as suas "válculas de escape", como o ambiente de trabalho ou as saídas com os amigos. A especialista aponta que o desejo de trair deve ser encarado como um sintoma de que o relacionamento não está indo bem. Nesse caso, segundo ela, o melhor caminho é buscar uma terapia individual ou de casal.

Criado em 2009, o Gleeden já conta com mais de 9 milhões de usuários mundialmente. Além de proporcionar os encontros, Silvia Rubies lembra que a plataforma também se preocupa com a criação de conteúdos sobre inseguranças, estímulos em relação às mulheres e à sexualidade feminina e ao empoderamento das mesmas.

Fornecemos informações de especialistas que vão muito além da infidelidad e também abordam sexualidade, prazer, sexologia, saúde, bissexualidade, monogamia e relacionamentos. Tudo para municiar nossos usuários com dados sobre este universo, de forma que possamos apoiá-los a tomarem as melhores decisões conclui.

Apesar de ter sido projetado por e para mulheres com objetivo de responder às necessidades do público feminino, cerca de 75% dos usuários no Rio de Janeiro são do sexo masculino. Renata explica o motivo:

As mulheres são mais receosas do que os homens. Além disso, por uma questão histórica, a mulher que trai é muito mais mal vista. Hoje isso não existe mais, ambos traem igualmente e todos têm o mesmo potencial.

Vanessa corrobora essa avaliação e explica as diferenças:

Não existe mais essa história de que homens traem mais. A emancipação da mulher no mercado de trabalho acabou equilibrando as partes. O que as pesquisas mostram é que as mulheres tendem a engatar por mais tempo um relacionamento extraconjungal, enquanto os homens separam mais facilmente o amor do sexo, e isso faz com que eles consigam ter vários pequenos casos fora do casamento, em espaços de tempo menores.

 

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