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Boris Johnson anuncia maior investimento militar no Reino Unido desde Guerra Fria

A proposta para os próximos quatro anos foi apresentada por Boris ao Parlamento por meio de videoconferência

Boris Johnson, primeiro-ministro do Reino UnidoBoris Johnson, primeiro-ministro do Reino Unido - Foto: HO / AFP / PRU

 O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta quinta-feira (19) o maior investimento militar feito no Reino Unido desde o fim da Guerra Fria, em um plano que incluirá um comando espacial, uma agência de inteligência artificial e uma força cibernética.

Estimada em 16,5 bilhões de libras (R$ 115,9 bilhões), a proposta para os próximos quatro anos foi apresentada por Boris ao Parlamento por meio de videoconferência, uma vez que o premiê cumpre quarentena após ter entrado em contato com um deputado que recebeu o diagnóstico de Covid-19.

"Decidi que a era dos cortes [na área] de Defesa deve terminar -e terminar agora", disse o primeiro-ministro, pedindo o fim do "retrocesso" para fortalecer a influência britânica no mundo. "Tomei essa decisão em meio à pandemia (...) porque a defesa do reino (...) deve ser a prioridade."

Junto com a promessa eleitoral de aumentar o orçamento militar britânico anual em 0,5% acima da inflação, esse investimento adicional sem precedentes nos últimos 30 anos significa 24,1 bilhões de libras (R$ 169,3 bilhões) a mais para as Forças Armadas.

O aumento levará o orçamento militar a 190 bilhões de libras (R$ 1,33 trilhão) nos próximos quatro anos -a verba anual de defesa atualmente é de pouco menos de 42 bilhões de libras-, reforçando a posição do Reino Unido como o país europeu que mais gasta em Defesa (2,2% do Produto Interno Bruto), e o segundo na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), atrás dos EUA.

Em meio a uma pandemia que levou a pelo menos 53 mil mortes e à pior recessão da história recente do país, o líder da oposição, Keir Starmer, questionou "como esse anúncio será pago".
"Haverá endividamento adicional ou aumento de impostos? Se sim, quais? Ou o dinheiro terá de vir de outros ministérios?", lançou o membro do Partido Trabalhista. Boris não quis responder se os fundos virão de um corte na generosa ajuda britânica ao desenvolvimento, atualmente fixada em 0,7% do PIB.

Com ameaças crescentes de países como Rússia e China, "a situação internacional é mais perigosa e intensamente competitiva do que em qualquer momento desde a Guerra Fria, e o Reino Unido deve ser fiel à sua história, apoiando seus aliados", disse o premiê, em aceno ao presidente eleito dos EUA, Joe Biden.

O país era o principal aliado de Washington no Iraque e no Afeganistão e, ao lado da França, a principal potência militar da União Europeia. 

Mas o resultado do referendo em 2016 que tirou os britânicos do bloco europeu tornou seu papel global incerto em um momento de ascensão da China e de dúvidas deixadas pelo atual presidente americano, Donald Trump, sobre o apoio dos EUA a parceiros tradicionais.

Para Malcolm Chalmers, vice-diretor-geral do instituto Royal United Services para Estudos de Defesa e Segurança, o anúncio de Boris significa que o Reino Unido manterá sua posição de potência militar de médio escalão ao lado de nações como França, Alemanha e Japão, mas bem atrás dos EUA e da China.

"Isso é o governo dizendo que, mesmo com o brexit, isso não significa que não somos um forte membro da aliança e que não temos forte influência, como temos feito há décadas", disse ele.

Diante de novas ameaças como ataques cibernéticos, o país também quer "ser pioneiro em tecnologia", declarou ele, anunciando a criação de uma nova agência dedicada à inteligência artificial, uma Força Cibernética Nacional e um novo "Comando Espacial" para lançar seu primeiro foguete em 2022.

Esses e outros projetos, afirma o governo, devem gerar 10 mil novos empregos. São "tecnologias que vão revolucionar a guerra", afirmou Boris.

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