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Reino Unido

Boris Johnson enfrenta rebelião conservadora no Parlamento sobre variante ômicron

As medidas consistem no uso de máscaras em ambientes fechados, testes diários para os casos de contato, vacinação obrigatória e passaportes sanitários em eventos multitudinários

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris JohnsonPrimeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson - Foto: Adrian Dennis / Pool / AFP

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, muito fragilizado por uma série de escândalos, sofreu nesta terça-feira (14) uma rebelião entre seus próprios deputados conservadores contra as restrições para conter a variante ômicron, deixando o polêmico líder em uma situação delicada.

Para limitar a propagação da nova variante de Covid-19 no Reino Unido, um dos países mais castigados da Europa pela pandemia, com mais de 146.000 mortos, Johnson anunciou várias medidas que foram votadas na Câmara dos Comuns nesta terça.

As medidas consistem no uso de máscaras em ambientes fechados, testes diários para os casos de contato, vacinação obrigatória e passaportes sanitários em eventos multitudinários, como boates ou estádios de futebol.

Esta última era a mais controversa para boa parte dos legisladores do Partido Conservador de Johnson, que lhe acertaram um golpe duríssimo.

Assim como as outras três, a medida foi aprovada com o apoio da oposição trabalhista, que defendeu o "interesse nacional".

Mas dos 126 votos contrários (frente a 369 a favor), pelo menos 97 foram de conservadores contrários ao Executivo.

A cifra representa mais de um quarto da bancada de Johnson e a maior rebelião interna que ele sofre desde que chegou ao poder, em 2019.

Cercado por escândalos

De acordo com o governo, as medidas são necessárias para garantir que os hospitais não entrem em colapso nas próximas semanas. 

"As medidas são equilibradas e proporcionais", defendeu o ministro da Saúde, Sajid Javid, garantindo aos deputados que o governo não as manteria "nem um dia além do necessário", ao abrir as discussões no plenário.

Dois anos após sua vitória eleitoral histórica com a promessa do Brexit, o primeiro-ministro observa a queda expressiva de sua popularidade e enfrenta vários pedidos de renúncia desde a semana passada, motivados por uma série de escândalos.  

Os britânicos reprovam uma série de eventos que ocorreram em Downing Street em dezembro de 2020, quando, por causa da pandemia, não estavam permitidos: um concurso online em que Johnson participou, cercado fisicamente de funcionários, e uma suposta festa de Natal de sua equipe de colaboradores. 

Além disso, essas revelações se somam a uma série de acusações de corrupção e clientelismo, como quando Johnson tentou mudar as normas parlamentares para ajudar o deputado conservador Owen Paterson, que foi condenado por pressionar membros do governo para defender duas empresas para as quais atuava com consultor remunerado.

Na quinta-feira, haverá eleições legislativas parciais para preencher a vaga de Paterson, que renunciou, e todo o país está com os olhos voltados para esse pequeno distrito rural do centro da Inglaterra. Se os conservadores perderem, isso poderia precipitar uma moção de censura dentro do partido contra Johnson.

De acordo com o colunista político Robin Pettitt, o talento de Johnson - ex-jornalista e ex-prefeito de Londres conhecido por seu estilo nada convencional - para o escapismo político pode ajudá-lo a contornar um ou dois escândalos.

Mas se o acúmulo de problemas continuar, "o Partido Conservador sempre foi muito implacável na hora de afastar os líderes que não funcionam", destacou o analista à AFP.

Cancelamentos antes do Natal

Segundo o ministro Javid, a variante ômicron teria capacidade para infectar cerca de 200.000 pessoas por dia. Contudo, o número de novos casos detectados nesta terça-feira, somando todas as variantes, era oficialmente de 59.000.  

A onda já está sendo sentida no mundo do entretenimento, pois vários espetáculos musicais populares, como "O Rei Leão" e "As Aventuras de Pi", se viram obrigados a cancelar suas apresentações por casos positivos de covid em suas equipes.

O futebol inglês também foi atingido, já que a Premier League - a principal divisão do país - registrou nesta segunda-feira 42 novos casos, um recorde desde que começaram a publicar os resultados dos testes em maio de 2020. 

Na Escócia, cujo governo autônomo regional decide as normas sanitárias, a primeira-ministra Nicola Sturgeon também advertiu sobre o avanço do vírus, ao detalhar que oito pessoas já foram internadas com a ômicron.  

"Não estamos pedindo que cancelem ou modifiquem seus planos para o Natal", afirmou, mas apelou aos escoceses que "limitem suas interações sociais em espaços fechados" a não mais que três núcleos familiares.

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