Braço armado do Hamas diz que ataque aéreo israelense atingiu local em que refém era mantida
Grupo não deu mais informações sobre destino de cativa; bombardeios ocorrem apesar do acordo de cessar-fogo, suspenso após Israel acusar Hamas de 'provocar crise'
O braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, afirmou nesta quinta-feira que Israel bombardeou o local onde uma refém estava sendo mantida na Faixa de Gaza, sem dar mais detalhes sobre seu destino.
A acusação ocorre em meio aos novos ataques aéreos levados a cabo pelo Estado judeu, apesar do acordo de cessar-fogo confirmado pelos mediadores dos EUA e do Catar na véspera. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu acusa o Hamas o de "provocar uma crise de última hora" ao tentar incluir novas exigências ao termos da proposta, o que o grupo nega. A votação para confirmar a adesão de Israel ao acordo foi adiada.
A ala militar do Hamas alertou que esses bombardeios colocam em risco os reféns que permanecem no enclave e serão libertados através da proposta. Israel afirma que 94 reféns permanecem em Gaza desde o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra Israel, que desencadeou a guerra em andamento.
Desse total, 33 foram declarados mortos pelo Exército israelense. "Nesta fase, qualquer agressão e bombardeio do inimigo pode transformar a libertação de um prisioneiro em uma tragédia", advertiram as Brigadas al-Qassam em uma publicação no Telegram.
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O impasse, segundo afirma o governo israelense, estaria relacionado a detalhes da troca dos 33 reféns em Gaza por centenas de prisioneiros palestinos detidos em Israel, com o Hamas exigindo escolher cada um dos nomes individualmente — algo que o Gabinete alega que não está nos termos acordados no dia anterior. Uma versão vazada repercutida pela imprensa israelense afirma que os prisioneiros seriam soltos com base em "listas acordadas por ambos os lados".
A primeira fase duraria 42 dias, nos quais os combates seriam suspensos e haveria o aumento da entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. O acordo exige que 600 caminhões de ajuda humanitária, dos quais 50 transportarão combustível, sejam autorizados a entrar no enclave todos os dias durante a trégua, informou a Reuters. Nesta quinta, vários comboios de ajuda humanitária se enfileiravam na cidade fronteiriça egípcia de el-Arish, no Egito, cidade mais próxima da fronteira da cidade de Rafah, em Gaza. A expectativa era de que os primeiros três reféns fossem libertados já no domingo.
Mas fontes ouvidas pelo jornal israelense Haaretz afirmam que até o momento não houve progresso nas negociações e que não se espera que o premier israelense convoque o Gabinete ou o governo até que o impasse seja resolvido, o que atrasará a implementação do cessar-fogo. Isso porque a aceitação do acordo pelo Estado judeu não será oficial até que seja aprovado pelo Gabinete de Segurança e governo israelense.
Em Gaza, os acontecimentos das últimas horas contrastam com o otimismo e expectativa que surgiram em meio ao anúncio do acordo na quarta-feira. A Defesa Civil afirma que Israel bombardeou várias áreas do território na madrugada e manhã desta quinta, matando pelo menos 75 pessoas e ferindo outras centenas. O morador do norte de Gazza Saeed Alloush disse que comemorava a notícia com os entes queridos quando os ataques noturnos mataram dezenas de parentes.
— Foi a noite mais feliz desde 7 de outubro [até que] recebemos a notícia do martírio de 40 pessoas da família Alloush — disse à AFP.