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paralisia infantil

Brasil completa 34 anos sem poliomelite, mas risco da volta é alta pela baixa adesão vacinal

Ministério da Saúde afirma que porcentual de vacinação foi de 72% no ano passado, bem abaixo da meta de imunizar 95% das crianças menores de cinco anos

Vacinação contra a PólioVacinação contra a Pólio - Foto: Divulgação/Prefeitura de Jaboatão

Também conhecida como paralisia infantil, a poliomielite teve seu último caso registrado no Brasil há 34 anos. Segundo o Ministério da Saúde, foi antes até mesmo do último registro da doença no continente americano. A conquista foi possível graças às ações de vacinação em larga escala, que conferiram aos brasileiros a certificação de eliminação da doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1975, antes da vacinação generalizada, quase 6 mil crianças ficaram paralisadas nas Américas, em razão da poliomielite. Há preocupação, no entanto, com a reintrodução do vírus diante da atual baixa cobertura vacinal contra a doença.

Infelizmente, de 1989 para 2023, houve uma mudança significativa. Desde o final do ano passado, notícias sobre um retorno da doença tem alertado a população mundial. Os Estados Unidos registraram o primeiro caso em quase uma década, amostras do vírus voltaram a circular em águas de esgoto do Reino Unido e, no Brasil, a adesão pela vacinação ficou muito abaixo do esperado.

Entre agosto e setembro, por exemplo, foi realizado pelo Ministério da Saúde uma campanha nacional de vacinação contra a pólio, porém a taxa ficou abaixo de 70%, bem inferior à meta da pasta de imunizar 95% das crianças abaixo de cinco anos — segundo o governo, em 2022, o percentual de vacinação foi de 72%. No ano anterior, 2021, foi menor ainda, pouco menos de 71%.

De acordo com um levantamento do estudo VAX*SIM, da Fiocruz, que analisa a imunização dos menores de cinco anos, apenas duas a cada cinco crianças brasileiras estavam protegidas contra a paralisia infantil no final de 2022.

O poliovírus, causador da poliomielite, é considerado erradicado no Brasil desde 1994. Porém, em 2020, o relatório da Comissão Regional para a Certificação (RCC) da Erradicação da Poliomielite nas Américas (Opas/OMS) expressou preocupação com a possibilidade de reintrodução do patógeno no país e o colocou na lista de alto risco para a doença, ao lado de Bolívia, Equador, Guatemala, Haiti, Paraguai, Suriname e Venezuela.

Tendência de queda na vacinação
O esquema de imunização contra a doença no Brasil é composto de cinco doses: as três primeiras com a vacina injetável de vírus inativada aos 2, 4 e 6 meses de idade. Depois, entre os 15 e os 18 meses de idade (1 ano), é feito o primeiro reforço com a vacina de vírus atenuado, a famosa gotinha. Aos 4 anos de idade, é indicado ainda um segundo reforço, também por via oral.

O levantamento do VAX*SIM ressalta que as sucessivas quedas na cobertura vacinal levaram o Brasil a ter, em 2021, a pior taxa de proteção os últimos 25 anos. Apenas 75% dos bebês completaram o esquema primário com as três doses, e somente 60% das crianças receberam o primeiro reforço. Segundo o novo levantamento dos pesquisadores, dois a cada três municípios brasileiros não atingiram a meta de vacinar 95% do público-alvo.

Sintomas e prevenção
A pólio é contagiosa podendo infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes. As consequências da poliomielite normalmente correspondem a sequelas motoras e não há cura. Os principais efeitos da doença são ausência ou diminuição de força muscular no membro afetado e dores nas articulações.

Embora ocorra com maior frequência em crianças, a poliomielite também pode contaminar adultos que não foram imunizados. Por isso, é fundamental ficar atento às medidas preventivas, como lavar sempre bem as mãos, ter cuidado com o preparo dos alimentos e beber água tratada.

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