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Eleições 2020

Brasil elege prefeitos e vereadores em eleição atípica por causa da pandemia

Urna eletrônica e máscara de proteçãoUrna eletrônica e máscara de proteção - Foto: Agência Brasil

Os brasileiros vão às urnas neste domingo (15) para eleger prefeitos e vereadores, no primeiro turno de uma eleição municipal ofuscada pela pandemia da covid-19 e que deve, segundo analistas, confirmar a guinada à direita da política iniciada no país em 2018.  

Dois anos após as eleições que levaram Jair Bolsonaro à presidência e acabaram com 13 anos da esquerda no poder, quase 148 milhões de pessoas são convocadas às urnas para escolher as autoridades em 5.569 cidades, nas quais serão responsáveis por políticas de saneamento, transporte, saúde e educação básica. 

A pandemia do novo coronavírus - que já causou mais de 165 mil mortes no país e uma recessão econômica - provocou o adiamento das eleições por seis semanas, evitou o "corpo a corpo" das campanhas presenciais e também pode afetar o comparecimento às urnas. 

Além de medidas como máscara obrigatória, distanciamento e a exigência de que os eleitores levem suas próprias canetas, os locais de votação abrirão mais cedo (10h GMT) para evitar aglomerações, com horário preferencial para maiores de 60 anos, grupo de risco para a covid-19.

"Escolhi ir cedo para evitar aglomeração por causa da pandemia", disse Rogério Rosenthal, um advogado de 59 anos que espera pela reeleição do prefeito Bruno Covas (PSDB), em São Paulo.

"Gostei do que ele fez, ele merece continuar", acrescentou.

- Eleição sem surpresas -
Com sistema de urnas eletrônicas reconhecido por sua segurança e eficácia, a Justiça Eleitoral divulgará o resultado desse primeiro turno ainda na noite deste domingo. 

Os analistas esperam que seja uma eleição de continuidade, sem o surgimento de "outsiders" - como em 2016 ou 2018 - e um fortalecimento de partidos tradicionais de direita e centro-direita como MDB, PSD, PP e DEM.

Bolsonaro, que chega às eleições sem partido e com índices de aprovação em torno de 40%, demonstrou apoio a alguns candidatos, mas os seus escolhidos nas grandes cidades não subiram nas pesquisas. 

O jornalista conservador Celso Russomanno, em São Paulo, e o prefeito evangélico Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, estão em segundo ou terceiro lugar nas pesquisas - com a liderança do atual prefeito paulista Covas e ex-prefeito Eduardo Paes (DEM), no Rio - e podem inclusive ficar de fora do segundo turno, em 29 de novembro. 

- Esquerda dividida -  
Do outro lado da calçada, a esquerda ainda busca sarar as feridas das últimas duas eleições. 

O Partido dos Trabalhadores (PT) mantém altos índices de rejeição e, com poucas alianças com outros partidos progressistas, também não tem destaque nas pesquisas. 

Salpicado por escândalos de corrupção e pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o PT experimentou a pior derrota eleitoral de sua história nas municipais de 2016, perdendo 60,2% das prefeituras as quais tinha vencido quatro anos antes.

Lula, que votou em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, disse que esta eleição "é histórica".  

"Acho que o PT sairá muito fortalecido nessa eleição", afirmou. 

"E eu acho que vamos recuperar e ganhar cidades novas", acrescentou o ex-presidente. 

Neste ano, as pesquisas indicam que alguns candidatos de esquerda podem ir ao segundo turno nas principais cidades.

É o caso do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos, candidato à prefeitura de São Paulo pelo Partido do Socialismo e Liberdade (PSOL) e a candidata do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) Manuela D'Ávila, que lidera em Porto Alegre. 

No Recife, Fortaleza e Belém, a esquerda também tem chances de vencer. 

"Estou votando por Boulos, ele é a diferença que SP precisa", disse à AFP o estudante de 28 anos, Vitor Marques. 

Analistas concordam que a recuperação do peso político da esquerda passa pela formação de uma aliança para as presidenciais em 2022. 

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