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Brasil não sustenta queda na transmissão de coronavírus, indica cálculo

Sete países da América do Sul estão com transmissão fora de controle, diz estudoSete países da América do Sul estão com transmissão fora de controle, diz estudo - Foto: Ooscar Del Pozo / AFP

A velocidade de contágio pelo novo coronavírus voltou a crescer no Brasil, depois de ter descido pela primeira vez desde abril a níveis de controle, na semana passada. Os cálculos, com base no número de mortes por Covid-19, são do Imperial College, referência em acompanhamento de epidemias.

Segundo o centro de doenças transmissíveis da universidade britânica, a taxa de transmissão (Rt) brasileira para a semana que começou neste domingo é 1, ou seja, cada infectado transmite a doença para uma pessoa, mantendo constante o contágio.

Na semana anterior, o índice do país desceu pela primeira vez em quatro meses abaixo de 1, o que indica uma desaceleração da transmissão. Na América do Sul, outros países já haviam feito o mesmo movimento sem manter o recuo, como Equador e Bolívia. O Chile, que ficou oito semanas com a taxa de contágio em desaceleração, voltou a apresentar Rt = 1. O Peru é nesta semana o único país sul-americano a ter sua taxa de transmissão abaixo de 1 pelo Imperial College. O país registrou 0,98, o que indica que cada 100 infectados contagiam outros 98, que por sua vez passam o vírus para 96, depois 94, reduzindo o alcance do patógeno.



Em entrevista nesta terça (25), a Opas, braço americano da OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou para a necessidade de manter a vigilância no continente. Segundo o órgão, apesar de vários países apresentaram menor velocidade de expansão da doença, os patamares ainda são altos e tanto governos quanto indivíduos devem manter medidas de prevenção.

São sete os países da América do Sul com transmissão fora de controle, de acordo com o centro britânico, que acompanha todos os que tiveram ao menos dez mortes em cada uma das duas últimas semanas. O maior Rt foi calculado para o Equador (1,32), seguido pelo Paraguai (1,27) e Argentina (1,12). Colômbia registrou 1,05 e Bolívia, 1,02. Segundo o relatório mais recente da OMS, divulgado na terça, só Uruguai e Guiana não apresentam transmissão comunitária entre os sul-americanos. Nos dois países, há apenas focos isolados.

Ao todo, o número de países acompanhados pelo Imperial College por estarem com transmissão ativa vêm crescendo. Eram 51 na primeira semana de maio e agora são 70. Nesses quatro meses, 23 países controlaram o contágio e deixaram de ser monitorados, entre eles Itália, Dinamarca, Noruega, Coreia do Sul, Quênia e Emirados Árabes Unidos.

O Imperial College calcula a taxa de transmissão com base no número de mortes reportadas, porque o dado é menos sujeito a subnotificações que o de casos registrados; como há uma defasagem entre o momento do contágio e a morte, mudanças nas políticas de combate à epidemia levam em média duas semanas para se refletirem nos cálculos.

Na quinzena encerrada nesta terça, o Brasil registrou 268 novos casos por 100 mil habitantes, uma queda de cerca de 7% em relação aos da quinzena encerrada há uma semana e de 8% em relação aos da quinzena encerrada há duas semanas, mas ainda acima dos 257/100 mil contabilizados há um mês.

Em relação ao tamanho da população, Peru, Colômbia e Panamá apresentam mais novos casos na quinzena que o Brasil: 361, 306 e 285 novos casos por 100 mil habitantes, respectivamente. O Brasil voltou ao topo das estimativas de número de mortes para a semana, nos cálculos do Imperial College: 7.220 (os Estados Unidos não entram no relatório, pois seus dados são calculados por estado, em estudo à parte). A Índia vem em seguida, com 6.970, e para o México são previstas 3.500 mortes.

Com base no número de mortos, o Imperial College também estima a acurácia do número de casos informados pelos países. Este indicador no caso brasileiro é de 63% nesta semana, ou seja, o país registra cerca de dois terços dos casos de Covid-19.

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