Brasil quer sondar EUA sobre vacinas prontas estocadas em fábrica da AstraZeneca
Segundo o governador do Piauí e representante do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias, os americanos proibiram exportação de doses
O Brasil vai tentar conseguir cerca de 10 milhões de doses prontas que diz estarem estocadas em fábrica da AstraZeneca nos Estados Unidos, segundo o governador do Piauí e representante do Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias.
Em entrevista coletiva ao lado do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, ele afirmou que está sendo discutido com o Itamary uma consulta aos americanos sobre a possibilidade de importação dessa remessa, já que eles não estão aplicando a vacina desenvolvida pelo laboratório e pela universidade de Oxford na sua população.
"Há um laboratório da AstraZeneca nos EUA. Nós tratamos desse aspecto com o Itamaraty, com a diplomacia brasileira, para que possamos consultar, porque o que sabemos é que há vacina pronta em estoque", disse Dias nesta segunda (8) em Bio-Manguinhos, a fábrica da Fiocruz no Rio de Janeiro.
"Como não está sendo utilizada a AstraZeneca nos Estados Unidos, que eles possam, pela conjuntura brasileira, ceder a venda para o Brasil. São 10 milhões de doses ou mais que estariam disponíveis. Porque também os EUA adotaram uma medida de proibir exportação para suprir sua necessidade. Essa é uma situação mundial", continuou.
Leia também
• 'Meu Exército não vai obrigar o povo a ficar em casa', diz Bolsonaro
• Pfizer entregará ao Brasil 14 milhões de doses até junho, diz assessor de Pazuello
• Fiocruz anuncia início de produção de vacina em larga escala
O Brasil não é o único que está de olho nessas doses. Neste sábado (6), o jornal "Financial Times" divulgou que a União Europeia também pediria aos americanos que permitissem a exportação de vacinas e que garantissem o fluxo livre de embarques de insumos para o continente.
"Acreditamos que podemos trabalhar junto com os EUA para garantir que as vacinas produzidas ou envasadas nos EUA para o cumprimento das obrigações contratuais dos produtores de vacinas com a UE sejam honradas", disse a Comissão Europeia segundo a publicação.
O atraso na importação de doses prontas da Índia previstas para março também se deu porque os indianos decidiram proibir as exportações de imunizantes, disse o ministro Pazuello. São esperadas 12 milhões de doses no total, das quais 4 milhões já foram entregues. O restante era esperado em março e abril, mas agora é aguardado só para os meses de abril a julho.
Essa iniciativa não constava inicialmente nos planos da Fiocruz, mas foi uma alternativa para compensar o atraso na produção nacional com o IFA (insumo farmacêutico ativo) da China, que demorou a chegar. As doses vêm do Instituto Serum, um dos centros de produção vinculados à AstraZeneca na Índia.
"Esse laboratório vem fazendo uma postergação na entrega", afirmou Pazuello nesta segunda. "Vamos ter que fazer uma pressão política, diplomática e até pessoal junto à AstraZeneca para que cobre do laboratório Serum que ele cumpra a entrega dos 8 milhões que faltam. Nesse momento a Índia como país dificultou o processo porque proibiu a exportação", declarou.
"Então os países no mundo estão variando suas posições diplomáticas e comerciais porque o troço realmente é instável. E é por isso que nós estamos falando de produção nacional. Se nós não tivermos produção nacional como temos hoje no Butantan e na Fiocruz, nós não vamos ter como vacinar em massa o nosso país", acrescentou.
CRONOGRAMA DA FIOCRUZ
- Janeiro: 2 milhões importadas da Índia (entregues)
- Fevereiro: 2 milhões importadas da Índia (entregues)
- Março: 3,8 milhões (produção nacional com IFA importado)
- Abril: 30 milhões (produção nacional com IFA importado)
- Maio: 25 milhões (produção nacional com IFA importado)
- Junho: 25 milhões (produção nacional com IFA importado)
- Julho: 16,6 milhões (produção nacional com IFA importado)
- Estão previstas mais 8 milhões de doses importadas da Índia
- Total: 112 milhões até julho