Brasil restabelecerá relações com Venezuela, garante futuro chanceler
Após posse do presidente eleito Lula, embaixada brasileira em Caracas também deverá ser reaberta
O Brasil restabelecerá as relações diplomáticas com o governo venezuelano do socialista Nicolás Maduro e reabrirá a embaixada em Caracas, após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 1º de janeiro, garantiu nesta quarta-feira (14) o futuro chanceler, Mauro Vieira.
"O presidente me instruiu que restabelecêssemos as relações com a Venezuela. Faremos a partir do dia 1º (de janeiro)", afirmou Vieira a jornalistas em Brasília, a duas semanas da posse do novo governo.
O Brasil enviará "um encarregado de negócios" para retomar as atividades e "reabrir a embaixada", revelou o futuro ministro das Relações Exteriores. "Posteriormente, vamos indicar um embaixador junto ao governo venezuelano" de Maduro, completou.
O governo do presidente em fim de mandato Jair Bolsonaro é um dos mais de 50 que reconheceram o líder da oposição Juan Guaidó como o "presidente encarregado" da Venezuela em 2019, devido a questionamentos sobre a legalidade da reeleição de Maduro um ano antes.
Com a volta de Lula (2003-2010) ao poder pela terceira vez, o Brasil retomará as relações com Maduro. O mandatário venezuelano já havia anunciado a retomada do diálogo com Lula após a vitória do petista no segundo turno das eleições presidenciais, em 30 de outubro.
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"Embaixada atua junto ao governo que está. É o governo que foi eleito e que está lá, é o governo do presidente Maduro", reafirmou Vieira, um diplomata de carreira que foi chanceler durante o segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (2015-2016).
O futuro chefe do Itamaraty também anunciou que o Brasil "retomará" as conversas para concluir o acordo comercial final entre o Mercosul e a União Europeia, que vem sendo negociado a duras penas desde 2000.
O projeto encontrou diversos obstáculos ao longo do tempo, desde questões de proteção comercial até preocupações ambientais, com quedas de braço entre Brasil e França relacionadas à conservação da Amazônia.
"Creio que há um horizonte melhor, porque tendo em vista a politica para o meio ambiente já anunciada pelo presidente Lula, creio que isso pode destravar uma serie de dificuldades", afirmou Vieira, em referência às promessas do presidente eleito de combater o desmatamento e outros crimes ambientais.
Até o momento, 17 chefes de Estado e de governo confirmaram presença na cerimônia de posse de Lula, entre eles o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier; o rei da Espanha, Felipe VI; além dos presidentes da Colômbia, Gustavo Petro; Argentina, Alberto Fernández; Chile, Gabriel Boric; Paraguai, Mario Abdo Benitez; e do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
Será a posse com o "maior número de chefes de Estado" da história no Brasil, garantiu nesta quarta-feira o embaixador Fernando Igreja, responsável pela cerimônia institucional da posse.