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Brasil tenta conter retórica de Maduro e diminuir temperatura da crise entre Venezuela e Guiana

Diplomacia de Lula acredita que caminho para solução é longo, mas primeiro passo é a moderação de discursos

Presidente da Venezuela Nicolas Maduro com Luiz Inacio Lula da Silva Presidente da Venezuela Nicolas Maduro com Luiz Inacio Lula da Silva  - Foto: Evaristo Sá/ AFP

O governo brasileiro busca conter a escalada retórica de Nicolás Maduro e diminuir a temperatura da crise entre Venezuela e Guiana, na disputa pela região do Essequibo. A estratégia montada pelo Palácio do Planalto passa, em primeiro lugar, pela necessidade de interromper as acusações relacionadas ao território.

Em um segundo momento, a meta é alcançar uma solução negociada, o que ainda é considerado muito difícil. Nos últimos dias, houve um intenso esforço diplomático para emplacar, desde já, a moderação em discursos.

O caminho para pacificar a relação, avaliam integrantes do governo, ainda é longo. Auxiliares de Luiz Inácio Lula da Silva não acreditam, por exemplo, que a Guiana possa abdicar da soberania de parte do país ou tampouco oferecer uma contrapartida que inclua a exploração de petróleo pela PDVSA, estatal venezuelana, no litoral do Essequibo.

No fim de semana, Maduro começou a citar a "paz" como um objetivo a ser alcançado, após semanas de ameaças de invasão militar e anexação. Enquanto isso, integrantes do regime chavista passaram a indicar a possibilidade de cessar as hostilidades se for garantida a entrada na região do país vizinho para a exploração de petróleo.

O cenário também é agravado pela avaliação de que também não é fácil convencer a Venezuela a apoiar a mediação sobre a disputa territorial pela Corte Internacional de Justiça, sediada em Haia, uma exigência do governo de Georgetown.
 

O telefonema de Lula com Maduro no fim de semana serviu para, segundo integrantes do Planalto, sedimentar a primeira fase da atuação diplomática, ou seja, diminuir as tensões.

Diante da crise, o governo dos Estados Unidos de Joe Biden procurou o Brasil para que a situação seja resolvida de forma pacífica. Os americanos ressaltam, no entanto, que apoiam de forma "incondicional" a soberania da Guiana.

A relação entre Estados Unidos e Guiana preocupa o Planalto, já que Maduro busca sempre um pretexto ideológico, como o "combate ao imperialismo", para ações mais incisivas. Nesta terça-feira, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, afirmou que o país fará o necessário para garantir sua integridade territorial e não descartou a instalação de uma base militar americana no país.

Na quinta-feira, Maduro e Irfaan Ali participarão de mesa de diálogo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas. O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, parte nesta quarta ao país caribenho para acompanhar as discussões.

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