"Brasil vai ajudar Argentina a sair dessa situação", diz ministro da Economia de Milei
Luis Caputo afirmou que governo argentino "quer, sim, fazer negócios com o Brasil" e que espera aprovar pacote de reformas até o fim do mês com ajuda da "oposição mais racional"
O ministro da Economia do governo do ultradireitista Javier Milei, Luis Caputo, afirmou nesta terça-feira que conta com o Brasil para a Argentina sair da grave situação econômica que enfrenta. Em participação por videoconferência em evento do BTG Pactual, Caputo afirmou que, tirando o futebol, não vê divergências com o país:
— Nós olhamos para o Brasil como um enorme parceiro da Argentina, mas poderíamos estar fazendo muito mais coisas juntos. Não foi dada a devida importância para essa parceria por conta das crises toda, mas chamo a atenção para que olhem as oportunidades. Somos vizinhos e parceiros.A gente gosta de vocês. Só não gostamos de futebol, mas nos resto, nós nos damos bem — disse Caputo.
Apesar de uma crise econômica que levou o país à inflação recorde, com 45% dos argentinos vivendo na pobreza, o ministro de Milei defendeu que a Argentina apresenta boas oportunidades de investimentos “na economia real”, em setores como mineração, tecnologia e infraestrutura. Ele acrescentou, ainda, que aposta no papel do Brasil para a Argentina sair da situação atual:
— Queremos fazer negócios com o Brasil, sim, e vocês vão nos ajudar a sair dessa situação. — disse Caputo, ao ser perguntado sobre as perspectivas para o país em 2024.
Leia também
• Petróleo fecha em alta com tensão geopolítica persistente e estímulos da China
• Com lesão na coxa, Lorran desfalca o Náutico por até 15 dias
• Relatório sobre acidente com Boeing 737 Max 9, da Alaska Air, diz que faltavam 4 parafusos no plugue
Caputo acrescentou estar“otimista" de que os planos de reforma ultraliberal do governo de Javier Milei - que envolvem ajustes de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) - surtirão efeitos positivos no próximo ano. Ele acrescentou que enxerga o ano de 2024 com um o período de “estabilização”, que será sucedido por um 2025 de “crescimento real”.
A previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) é que a economia argentina tenha retração de 2,8% este ano, após uma queda de 1,1% no PIB do país. Em outubro, antes das eleições presidenciais, a organização projetava crescimento de 2,8% do país em 2024.
Lei Ônibus vai “mudar definitivamente a Argentina”
Caputo citou o pacote de reformas enviado ao Congresso por Milei como principal vetor para estabilização financeira do país, que registrou em dezembro inflação de 211%, valor mais alto que o da Venezuela. A aprovação da Lei Ônibus, diz ele, “vai mudar definitivamente as coisas na Argentina”. O ministro acrescentou que espera que o pacote seja aprovado “no máximo no período de um mês”
— A lei, sendo aprovada, vai mudar tudo. Nós já aprovamos na Câmara e, em menos de um mês, vamos conseguir a aprovação no Senado. Como eu falei, ela vai mudar as coisas na Argentina de vez. Acreditamos fielmente no que estamos fazendo. — afirmou o ministro, que foi presidente do banco central e ex-ministro de Finanças do governo de Maurício Macri.
Ao tratar do pacote, aprovado em termos gerais na Câmara dos Deputados da Argentina, na última sexta-feira, Caputo agradeceu à “oposição mais racional e inteligente". O texto, desidratado, passou pela votação na Câmara após três dias de debates, com 144 votos a favor e 109 contra, em meio a protestos reprimidos pela polícia.
O próximo passo do texto envolve a discussão ponto a ponto de seus mais de 300 artigos. Depois da Câmara, ainda terá que passar pelo Senado, onde o governo ultradireitista é minoria.