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Criador das UPPs no Rio, Beltrame pede demissão da pasta da Segurança

Pedido ocorreu logo após um intenso tiroteio em Copacabana, área turística da zona sul da cidade

No Portal da Eternidade No Portal da Eternidade  - Foto: Diamond Films/Divulgação

O mais longevo secretário da Segurança no Rio, José Mariano Beltrame, pediu na noite desta segunda (10) para deixar o cargo que ocupa há quase dez anos. Ele entregou a carta de demissão ao governador em exercício Francisco Dornelles (PP) e deve sair após o segundo turno das eleições, no fim deste mês.

O pedido ocorreu logo após um intenso tiroteio em Copacabana, área turística da zona sul da cidade, em que três supostos criminosos foram mortos na favela Pavão-Pavãozinho.

Beltrame já demonstrava desejo de sair do governo desde o fim de 2014. Como substituto, Beltrame indicou o subsecretário de Planejamento e Integração Operacional, Roberto Sá. O novo secretário, contudo, ainda não foi escolhido. O governador licenciado, Luiz Fernando Pezão (PMDB), ainda tenta convencê-lo a permanecer no posto.

Beltrame foi nomeado no início da gestão Sérgio Cabral, em 2007. Como delegado federal, atuou até 2006 na Missão Suporte no Rio, que tinha como objetivo investigar as facções criminosas do Estado -o que o tornou cotado para o cargo.

Gaúcho de Santa Maria, ele marcou sua gestão pela criação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), no fim de 2008. O projeto colheu bons resultados nos primeiros anos, mas a partir de 2012 passou a sofrer com a falta de recursos para manutenção e ataques de criminosos. Há atualmente 38 UPPs, muitas delas sob fogo cruzado, assim como ocorria antes de sua criação.

A saída de Cabral e a relação protocolar com Pezão, que assumiu em março de 2014, fez Beltrame pensar em sair há dois anos. Convencido a permanecer, disse que teria como limite a realização da Olimpíada. Contudo, a falta de recursos para novos investimentos, atraso no pagamento de policiais e o estilo do novo governador fizeram o secretário se queixar diversas vezes a Cabral.

Se confirmada a saída, ele deixa o Estado com taxas criminais melhores do que encontrou. Em 2006, antes de sua chegada, o Estado registrou uma taxa de homicídio de 41,3 casos por 100 mil habitantes. No ano passado, foram 25,4 assassinatos por 100 mil habitantes. Foi na sua gestão que o Rio alcançou a menor taxa de homicídio (25,1), em 2012. Na capital, o melhor resultado da história foi obtido no ano passado, quando a taxa foi de 18,5.

Apesar do principal projeto de sua gestão ser a UPP, Beltrame costuma atribuir o resultado também à premiação aos policiais por terem atingido às metas, entre elas a redução de homicídios.

Contudo, sua gestão também apresentou recordes negativos. Foi em 2007, ano anterior à criação da primeira UPP no Dona Marta, que o Estado registrou a maior taxa de mortes por ação policial. Foram 1.330 casos, o que equivale a 8,6 pessoas mortas a cada 100 mil habitantes. A menor taxa de sua gestão foi em 2013, com 2,5.
Beltrame responde a uma ação civil pública em razão do contrato de gestão terceirizada da frota da Polícia Militar. Ele é réu num processo em que a promotoria aponta superfaturamento no contrato. Ele nega as acusações.

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