Desmatamento na Amazônia completa 13 meses seguidos de crescimento
As áreas sob alerta, em maio, somaram 829 km²
O desmatamento na Amazônia voltou a crescer no mês de maio, completando 13 meses consecutivos de aumento em relação aos mesmos meses do ano anterior, apontam dados do Inpe (Instituto de Pesquisas Espaciais).
Em maio, a devastação no bioma cresceu 12% em relação a 2019 e atingiu o maior valor para o mês já registrado na série histórica recente do Deter, programa do Inpe, cujos dados embasam ações de fiscalização.
As áreas sob alerta, em maio, somaram 829 km². O Pará responde por 344 km², seguido pelo Amazonas, com 182 km², e o Mato Grosso, com 177 km². Em comparação com o mês de abril, os alertas de desmatamento mais que dobraram, com um aumento de 103%. Mesmo não tendo o objetivo inicial de mensuração de desmate, os dados do Deter podem ser usados para verificar as tendências de desmatamento em determinado período.
Entre 1º de janeiro e 31 de maio, foram registrados alertas de desmatamento em 2.032 km² da Amazônia Legal, o maior valor desde 2015, 34% maior que o registrado no mesmo período em 2019 e 49% superior a média entre 2016 e 2019.
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Os dados consolidados do desmatamento são obtidos pelo Prodes (Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal), que é divulgado anualmente, considerando como "ano fiscal" o período de agosto a julho. Após o final da coleta das informações até 31 de julho, o Prodes processa e gera dados preliminares que são apresentados de outubro a novembro de cada ano. Publicações científicas indicam uma alta correspondência entre os dados do Deter e os finais do Prodes
Faltando dois meses para o fechamento do calendário de medição do sistema Prodes, o acumulado nos dez meses do calendário atual indica alertas de desmatamento para 6.499 km², um aumento de 78% em comparação ao período anterior (de agosto de 2018 a maio de 2019).
Em 2019, com o fechamento do calendário do Prodes, o recorde de desmatamento registrado foi de 29,5% em comparação ao período anterior (agosto de 2017 a julho de 2018). Ao todo, foram desmatados 9.762 km². O índice de confiança do monitoramento Prodes é superior a 95%.
Para a gerente de ciências da WWF-Brasil, Mariana Ferreira, os dados de maio são preocupantes. "Os dados indicam uma tendência crescente de desmatamento no período, com níveis ainda maiores do que 2019 - um ano já excepcionalmente alto. Estamos diante de um cenário de total catástrofe para a Amazônia, com a expectativa de mais áreas abertas, invasões e queimadas somadas ao triste cenário do alastramento da pandemia pelo bioma", disse em comunicado.
Cristiane Mazzetti, porta-voz da campanha da Amazônia do Greenpeace, afirma, em comunicado, que o governo federal falha em apresentar estratégia "robusta, permanente e com regras claras para conter o avanço do desmatamento" às vésperas do período mais seco da Amazônia, quando costumam acontecer queimadas na região. "O governo segue deixando claro o seu total descaso com o meio ambiente, as florestas e a vida dos brasileiros", disse.