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Procuradoria investiga operações de Eike Batista com bitcoins em nome da mulher

A operação é fruto da delação premiada do banqueiro Eduardo Plass, dono do TAG Bank, do Panamá

Empresário Eike Batista em depoimento na CPI do BNDESEmpresário Eike Batista em depoimento na CPI do BNDES - Foto: Vinícius Loures/Câmara dos Deputados

O Ministério Público Federal investiga a atuação do empresário Eike Batista no mercado de bitcoins, como são chamadas as moedas digitais. A investigação começou nesta quinta-feira (8), durante a deflagração da Operação Segredo de Midas, que prendeu temporariamente o empresário.

Os procuradores encontraram na casa do empresário anotações fazendo referência ao comércio de bitcoins em nome de Flávia Sampaio, mulher de Eike. O manuscrito inclui login e senha de uma conta na Apple e na Bitcoin Trade, plataforma de transação das moedas digitais.

"Embora a esposa do investigado, sra. Flávia, não esteja sendo investigada, é bem possível, dado o indício de comércio de meio tão usual de lavagem de ativos, que o investigado esteja usando o nome e a conta da esposa para garantir a ocultação de valores produto ou proveito de crimes", escreveu o Ministério Público Federal.

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O juiz Marcelo Bretas autorizou o uso das senhas para acesso às informações.
Eike é suspeito de atuar num esquema de manipulação de mercado e lavagem de dinheiro. A operação é fruto da delação premiada do banqueiro Eduardo Plass, dono do TAG Bank, do Panamá.

Bretas autorizou ainda a prisão preventiva de Luiz Andrade Correia, apontado como funcionário de Eike, e busca e apreensão em endereços ligados aos filhos do empresário, Thor e Orlin.

De acordo com o Ministério Público Federal, Eike e Correia usavam uma empresa de Plass (TAI - The Adviser Investment) "para compra e venda de ações no mercado financeiro nacional e internacional com o objetivo de manipular os ativos de pessoas jurídicas".

Segundo a Procuradoria, os dois operavam clandestinamente nas bolsas de valores por meio de interposta pessoa, a TAI, que não tinha autorização para operar para terceiros. No total, foram movimentados US$ 800 milhões ilegalmente, segundo o Ministério Público Federal.

Em sua decisão, o juiz Marcelo Bretas relata duas operações suspeitas na bolsa de valores de Toronto (Canadá) para aumentar seu lucro na compra de companhias de mineração. Há ainda fraudes, segundo o magistrado, em negociações de ações da MMX, MPX e OGX. Todas as operações suspeitas que envolvem Eike foram realizadas de 2010 a 2013.

Bretas considerou a prisão temporária necessária para "busca a obtenção de elementos de informação a fim de confirmar a autoria e materialidade dos delitos".

"Nessa toada, a imprescindibilidade da medida para a investigação é evidente, assegurando, dentre outros efeitos, que o investigado seja ouvido pela autoridade policial sem possibilidade de prévio acerto de versões com outros sujeitos", escreveu o magistrado ao decretar a prisão.

O advogado Fernando Martins, que defende o empresário, afirmou que considera a prisão ilegal. "A prisão temporária de Eike Batista foi decretada com o fundamento de que fosse ouvido em sede policial sobre fatos supostamente ocorridos em 2013, tratando-se, portanto, de uma prisão sem embasamento legal", disse o advogado.

Eike foi preso pela primeira vez em fevereiro de 2017 na Operação Eficiência, solto dois meses depois. Ele foi denunciado sob a acusação de pagar US$ 16,5 milhões de propina ao ex-governador Sérgio Cabral (MDB), processo no qual foi condenado a 30 anos de prisão. Ele recorria da sentença em liberdade.

O empresário chegou a ser considerado o sétimo homem mais rico do mundo pela revista Forbes. Em 2012, no auge da operação de seu grupo de empresas de petróleo, mineração e energia, Eike teve uma fortuna calculada em US$ 30 bilhões.

No ano seguinte, seu império começou a ruir quando as estimativas de produção da petroleira OGX não se confirmaram.

O valor das ações das empresas do grupo listadas na bolsa passaram a cair fortemente, levando o grupo EBX à derrocada em menos de um ano.

Ao ser preso em fevereiro, tornou-se o primeiro integrante da lista dos dez mais ricos da Forbes a ir para a prisão desde o traficante Pablo Escobar, em 1991.

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