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Brasileiro é eleito deputado em Portugal por partido de extrema-direita; saiba quem é

Nascido no Rio de Janeiro e filho de pai militar e mãe doméstica, Marcus Santos, de 45 anos, disse ter como valores a "defesa da família, da pátria e da propriedade"

Brasileiro Marcus Soares é eleito deputado por partido de extrema direita em Portugal Brasileiro Marcus Soares é eleito deputado por partido de extrema direita em Portugal  - Foto: Reprodução

O brasileiro Marcus Santos, de 45 anos, foi eleito deputado pelo Chega, partido de extrema-direita de Portugal. A ascensão do partido foi confirmada no pleito deste domingo, cuja taxa de participação (66%) foi a mais alta em quase três décadas. A sigla antissistema, fundada em 2019 por André Ventura, passou de 12 para 48 deputados, conquistando 18% dos votos. Soares concorreu pela região do Porto.

Com 99% das urnas apuradas nesta segunda-feira, o partido vencedor foi a Aliança Democrática (AD), de centro-direita, liderada por Luis Montenegro. Com 29,5% dos votos, a sigla garantiu 79 assentos de um total de 230. A vitória, no entanto, foi estreita: na sequência, o Partido Socialista (PS), comandado por Pedro Nuno Santos, conseguiu 28,7% dos votos e 77 deputados. Em terceiro ficou o Chega, partido que apresentou o maior crescimento. Em seu discurso de celebração, Ventura afirmou que “o povo disse que a direita deve governar”.

Em entrevista ao jornal português Visão, Santos afirmou nunca ter tido problemas no Chega por ser negro ou brasileiro. Ele disse ter começado “por baixo” até ocupar o cargo de “dirigente distrital no Porto e conselheiro nacional”. Nascido no Rio de Janeiro e filho de pai militar e mãe doméstica, Santos foi descrito como cristão e fiel seguidor de Ventura. Ex-atleta profissional de Artes Marciais Mistas (MMA), o carioca tem um ginásio e dá aulas da modalidade.

Ainda segundo o Visão, Santos saiu do Brasil aos 18 anos para morar nos Estados Unidos. Ele está em Portugal desde 2009 e tem uma mulher e um filho portugueses. Na mesma entrevista, publicada em março do último ano, o brasileiro disse acreditar que o Chega possui os valores que ele acredita: “a defesa da família, da pátria e da propriedade”.

 

— E a pátria, para mim, é também o país que me recebeu e a quem devo muito — disse ele ao jornal, acrescentando que há muitos brasileiros que simpatizam com o partido. — São pessoas que receiam ser prejudicadas no seu trabalho se assumirem posições públicas.

Após ser eleito, Santos escreveu nas redes sociais: “Agora não tem jeito. A extrema esquerda racista, fascista, e a comunicação social mentirosa vão ter que levar com o negrão do Chega. Viva Portugal”. No Instagram, a publicação em que o brasileiro agradece pelos votos recebeu o apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que disse: “Está a fazer história. Agora é fazer um bom trabalho e levantar Portugal”.

Em 2022, nas eleições legislativas anteriores, o Chega já havia se posicionado como a terceira força política. Agora, seu presidente disse ter alcançado o objetivo de tornar-se “a peça-chave do sistema político”. Ventura interpretou os resultados como “um ajuste de contas” contra o “sequestro da esquerda” das instituições e prometeu começar imediatamente a “libertar Portugal da extrema esquerda”.

No geral, porém, o resultado das eleições antecipadas deste domingo gerou incerteza sobre a governabilidade do país. Para ter maioria absoluta, a AD precisaria consolidar uma aliança com o Chega — algo que o líder do partido deixou claro que não está disposto a fazer. Montenegro afirmou que não abrirá as portas do governo à extrema direita, como prometeu durante a campanha, e disse neste domingo que seria “uma tremenda maldade” se fizesse o contrário.

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