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Brasileiro que sobreviveu ao ataque do Hamas busca abrigo em bunker durante ofensiva do Irã

Ao Globo, Rafael Zimmerman, de 28 anos, disse que magnitude da investida iraniana "assustou a todos"; Teerã lançou cerca de 200 mísseis balísticos contra Estado judeu

Fumaça subindo após um ataque israelense em Khan Yunis em 16 de agosto de 2024, em meio ao conflito em andamento entre Israel e o grupo militante Hamas.Fumaça subindo após um ataque israelense em Khan Yunis em 16 de agosto de 2024, em meio ao conflito em andamento entre Israel e o grupo militante Hamas. - Foto: Bashar Taleb / AFP

Horas após as autoridades dos Estados Unidos alertarem que o Irã planejava realizar um ataque maciço contra Israel nesta terça-feira, cerca de 200 mísseis balísticos foram lançados do território iraniano contra o Estado judeu.

A ofensiva marcou uma escalada acentuada no conflito de longa data entre os dois países — e deixou civis em estado de alerta. Sirenes de ataque aéreo soaram por todo o país, incluindo em grandes cidades como Jerusalém e Tel Aviv, e fortes explosões foram ouvidas pela região.

No celular, moradores receberam ordens para buscar abrigos antiaéreos, onde ficaram por quase uma hora até que um sinal verde para deixar o local fosse emitido.

Ao Globo, o brasileiro Rafael Zimmerman, que sobreviveu ao atentado sem precedentes do grupo terrorista Hamas no sul israelense em 7 de outubro, disse ter vivenciado os ataques desta terça-feira.

De volta a Israel há menos de uma semana, ele relatou ter passado dias de tensão no país, que no mês passado intensificou os confrontos contra o grupo xiita Hezbollah no Líbano.

A escalada foi tamanha que o próprio Estado judeu e a organização político-militar libanesa reconheceram que a guerra na região, iniciada na Faixa de Gaza há quase um ano, chegou a uma “nova fase”.

— Começou de manhã com as sirenes. Durante o dia informaram que o Irã iria atacar a qualquer momento, e aí no começo da noite teve um ataque terrorista em Tel Aviv, por enquanto com oito pessoas mortas confirmadas, [sendo seis civis e os dois atiradores] — disse Zimmerman.

— Logo depois, [recebemos] a mensagem de alerta máximo pedindo para irmos ao bunker por risco de vida. [Na sequência], soaram as sirenes e o barulho das explosões dos mísseis — acrescentou ele, que esteve no abrigo com outros dois amigos brasileiros.

Zimmerman afirmou que há um clima de tensão na região — e que, embora a população local já saiba da relação de apoio do Irã com grupos como o Hamas e o Hezbollah, “um ataque direto dessa magnitude assustou a todos”.

Nos cinco dias em que passou no país desde que chegou de viagem, disse, ele ouviu as sirenes tocarem com frequência e precisou buscar abrigo no bunker “algumas vezes”. A situação é especialmente traumática para o brasileiro porque o remete ao sofrimento que passou na edição israelense do festival Universo Paralello, atacado por terroristas do Hamas.

Naquele dia, quando os primeiros sinais da invasão começaram, ele decidiu abrigar-se em um bunker próximo. O local, projetado para cerca de 15 pessoas, acumulou mais de 40. Dessas, apenas nove sobreviveram.

Ele disse ter fingido que estava morto enquanto terroristas atiravam e jogavam granadas, coquetel molotov e gás dentro da construção. Ao fundo, ele ouvia a risada dos membros de Hamas, que também gritavam repetidamente o termo “Allahu Akbar” (Deus é Grande). Ao lado dele estavam os brasileiros Rafaela Treistman e Ranani Glazer, uma das 1,2 mil vítimas assassinadas durante o ataque.

— O meu maior medo é ter um ataque terrestre, por tudo que passei lá — disse Zimmerman nesta terça-feira.

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