Brics discute projeto de expansão para outros membros
Projeto tem como objetivo fortalecer a sua influência global
As potências emergentes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), reunidas em uma cúpula em Joanesburgo, abordam nesta quarta-feira (23) a questão da expansão do bloco, determinadas a fortalecer a sua influência global.
A China, o peso econômico pesado do grupo, reiterou claramente a sua posição a favor da expansão na abertura do encontro na terça-feira. Pequim quer “impulsionar a questão da abertura a novos membros”, afirmou o ministro do Comércio, Wang Wentao, em discurso proferido em nome do presidente Xi Jinping, presente na cúpula.
A África do Sul e o Brasil seguem a mesma linha, enquanto a Rússia, sob a influência da invasão da Ucrânia, precisa de aliados diplomáticos.
A Índia, a outra potência econômica do grupo, continua cautelosa em relação ao seu adversário regional chinês. O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, não abordou a questão da expansão no primeiro dia da reunião.
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Em um discurso com números e exemplos, Modi limitou-se a descrever o rápido crescimento de seu país. Os BRICS causam um quarto da riqueza mundial e os seus cinco membros representam 42% da população mundial.
Quase 20 países solicitaram formalmente a adesão e outros manifestaram o desejo de aderir ao bloco. Cuba, Nigéria e Irã são candidatos.
“O mundo está mudando”, disse o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, durante a abertura da sessão nesta quarta-feira, e fez um apelo a “uma reforma fundamental da governança global para que seja mais representativa”.
"Igualdade"
Os BRICS reafirmaram por unanimidade a sua posição de “não alinhamento” e a reivindicação por um mundo multipolar, num momento de divisão acentuado sobre a invasão russa da Ucrânia.
Os membros desta aliança, incluídos em países geograficamente distantes e com economias de crescimento desiguais, visam um desejo comum de afirmar o seu lugar no mundo, particularmente face à influência dos Estados Unidos e da União Europeia.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou à margem da cúpula que deseja estar em pé de igualdade com a União Europeia e os Estados Unidos.
Vladimir Putin aproveitou para denunciar mais uma vez as "sanções ilegítimas e o congelamento ilegal de bens" por parte dos Estados Unidos.
O chefe do Estado Russo, que tem um mandado de prisão internacional por crimes de guerra na Ucrânia, discursou na cúpula por meio de uma mensagem de vídeo gravada. A Rússia está inspirada na reunião pelo seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.
Os Estados Unidos afirmaram na terça-feira que não veem os BRICS como futuros “rivais geopolíticos” e esperam manter “relações sólidas” com Brasil, Índia e África do Sul.
Outro tema de discussão para os líderes do Brics será como o bloco, que responde por 18% do comércio mundial, poderá se distanciar do dólar. Os países membros promovem o uso das suas moedas nacionais no comércio.
Quase 350 manifestantes anti-China agitaram faixas com a frase "O povo antes do lucro" do lado de fora do centro de conferências onde acontece a cúpula. Eles pediram a suspensão dos projetos de construção financiados por Pequim na África.