Economia

Brics estão abertos a incorporar novos membros para um "reequilíbrio" mundial

Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram na Cidade do Cabo em uma conferência de dois dias

As negociações aconteceram antes de uma cúpula de chefes de estado em agosto, que está se mostrando problemática para o anfitrião, a África do Sul, devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin, que é alvo de um mandado de prisão do TribuAs negociações aconteceram antes de uma cúpula de chefes de estado em agosto, que está se mostrando problemática para o anfitrião, a África do Sul, devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin, que é alvo de um mandado de prisão do Tribu - Foto: Rodger Bosch / AFP

Os chanceleres dos países do Brics afirmaram que o grupo está aberto a incorporar novos membros, em sua busca por alcançar um "reequilíbrio" da ordem mundial, durante conversas nesta quinta-feira (1º), na África do Sul.

Os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram na Cidade do Cabo em uma conferência de dois dias, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo.

"Nossa reunião deve enviar uma mensagem firme de que o mundo é multipolar, está se reequilibrando e que as velhas formas não servem para lidar com as novas situações", disse o chefe da diplomacia indiana, Subrahmanyam Jaishankar, em seu discurso de abertura.

A invasão russa da Ucrânia tem isolado amplamente a Rússia da comunidade internacional, levando-a a fortalecer seus laços com a China e outros países, incluindo a África do Sul.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, afirmou que "mais de uma dezena" de países, incluindo aparentemente a Arábia Saudita, mostraram interesse em ingressar no Brics, possibilidade que o grupo está considerando.

Segundo Lavrov, o assunto foi discutido com o chanceler saudita, o príncipe Faisal bin Farhan, em sua visita à Cidade do Cabo.

O vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, apontou que Pequim é favorável à ideia de expansão do bloco. "Esperamos que mais países se juntem à nossa grande família", disse Ma em coletiva de imprensa.

As conversas precedem uma cúpula de chefes de Estado prevista para agosto, que se tornou um problema para o país anfitrião, a África do Sul, devido à possível presença do presidente russo, Vladimir Putin.

Putin é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) por acusações de que a Rússia deportou ilegalmente crianças ucranianas.

Em tese, a África do Sul, membro do TPI, deveria deter Putin se ele colocasse os pés no país.

Nesta quinta-feira, a chanceler sul-africana Naledi Pandor reiterou que Putin, assim como todos os outros líderes, foi convidado e explicou que o governo estava estudando suas "opções legais".

Ao ser questionada sobre a possível visita do presidente russo, Pandor brincou com o ministro brasileiro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, perguntando: "Você fica acordado à noite pensando nisso?".

Em frente ao hotel onde ocorreu o encontro, uma dúzia de manifestantes com bandeiras ucranianas e trajes tradicionais entoavam "Parem Putin! Parem a guerra!".

De qualquer forma, segundo Pandor, a visita de Putin não foi discutida nas reuniões e as conversas se centraram no potencial uso de outras moedas além do dólar americano para o comércio internacional.

Também falaram, acrescentou a ministra sul-africana, do fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco dos Brics, que desde abril é presidido pela ex-presidente brasileira Dilma Rousseff.

Além disso, debateram como "garantir que não nos tornemos vítimas de sanções com efeitos secundários em países que não têm envolvimento nos assuntos que levaram a essas sanções unilaterais", aparentemente uma referência às medidas adotadas pelos países ocidentais contra a Rússia.

O governo sul-africano afirma desejar manter neutralidade em relação à guerra, mas tem sido criticado por se aproximar do Kremlin e defende que os Brics atuem como contrapeso a uma ordem internacional dominada pelo Ocidente.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter