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CAIS DE SANTA RITA

Trabalhadores e passageiros que circulam entre o Recife e Porto de Galinhas relatam medo

Protestos têm sido realizados no litoral sul após morte de menina

Ônibus estacionados no Terminal de Santa RitaÔnibus estacionados no Terminal de Santa Rita - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Após os protestos que ocorreram em Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, nos dois últimos dias, o clima nesta sexta-feira (1º) é de medo e apreensão entre pessoas que chegam da região ao Recife, ou que costumam transitar entre a capital pernambucana e Ipojuca, onde está localizada a praia turística.

A situação ocorre por causa da morte de Heloysa Gabrielly, de 6 anos, em tiroteio entre policiais do Bope e dois suspeitos de tráfico.
 
A reportagem da Folha de Pernambuco esteve nesta manhã no Terminal do Cais de Santa Rita, na área central do Recife, onde circula uma linha de ônibus com destino a Porto de Galinhas. Poucas pessoas estavam indo em direção ao Litoral Sul.

Um dos ônibus partiu do terminal com apenas dois passageiros. Segundo trabalhadores que preferiram não se identificar, na sexta-feira é comum os ônibus com destino a Porto saírem com dezenas de passageiros, o que não ocorreu hoje devido à violência registrada nos últimos dias.
 
Um profissional que trabalhava com turismo no Litoral Sul e hoje se divide entre Maracaípe e Recife, em busca de emprego, contou que já não pretende mais trabalhar nas praias. “Está cada vez pior, está uma bola de neve. É lamentável isso. Esse paraíso está sendo violado, são lindas as nossas praias, Litoral Sul, Litoral Norte, mas as facções que vêm do Rio, de São Paulo, induzem as pessoas daqui”, disse. Ele afirma que o tráfico de drogas e crimes são intensos na região


 
Outro profissional que há dois anos atua vendendo passagens de ônibus para a região também comentou sobre o medo e a baixa procura nos últimos dias. “Até antes de ontem se falava mas não tinha certeza sobre o que estava acontecendo. Hoje já não veio mais ninguém porque para sair de Porto está um verdadeiro inferno, não se conseguia sair”, comentou. 
 
Em dias normais, afirmou, ele costuma vender, em média, 80 passagens. Segundo o trabalhador, entre esta quinta (31) e a manhã desta sexta (1), ele não vendeu nenhuma passagem com destino ao Litoral Sul. O profissional também afirmou que orientou uma mãe que iria com o filho do Recife para a praia para não se arriscar.
 
Um morador de Nossa Senhora do Ó, distrito de Ipojuca, veio ao Recife a trabalho. Ele contou que a noite de quinta foi de muito desespero entre a população. “Ontem tocaram fogo em um ônibus e um carro pequeno. Em vários pontos colocaram fogo”, disse. 
 
Nesta sexta, o trajeto em direção à capital pernambucana ainda refletia os transtornos da noite anterior. “A situação está precária ainda devido ao que está ocorrendo, mas de Ipojuca aqui para o Recife está normal. Agora, de Nossa Senhora do Ó para Porto de Galinhas estão bem precárias as coisas. Tem muito policiamento e o pessoal ainda está tirando o resto do material que colocaram na pista para impedir o fluxo de veículos”, disse. “Em Nossa Senhora do Ó, alguns comércios estão começando a abrir, mas as pessoas ainda estão com muito medo”, completou. 

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