Logo Folha de Pernambuco

SAÚDE

Calor fora de hora: como as altas temperaturas sobrecarregam o coração e outros órgãos vitais

Existem 27 maneiras diferentes pelas quais o corpo humano sucumbe ao superaquecimento, diz pesquisador

Calor pelo mundo: 20/07/2023 arqueológico da Acrópole, em AtenasCalor pelo mundo: 20/07/2023 arqueológico da Acrópole, em Atenas - Foto: Louisa Gouliamaki / AFP

Daqui a menos de um mês o inverno se despede do Brasil. No entanto, para muitas pessoas a estação nem começou. Isso porque, nos últimos meses, vários estados brasileiros vêm registrando altas temperaturas — quando, na verdade, deveria estar frio.

Nesta quinta-feira, as máximas são de 40º C no Rio de Janeiro e em Cuiabá, segundo o ClimaTempo. As altas temperaturas, como o calor fora de época deste período, podem trazer malefícios para saúde.

Existem 27 maneiras diferentes pelas quais o corpo humano sucumbe ao superaquecimento, que vão desde insuficiência renal até envenenamento do sangue quando o revestimento do intestino se desintegra. Todas podem resultar em morte em poucas horas, afirmou Camilo Mora, professor associado do departamento de geografia da Universidade do Havaí em Manoa, em entrevista à revista Time.

A temperatura corpórea considerada normal varia entre 36º C e 37,2º C. Quando a temperatura do ambiente é igual ou superior à interna, a única forma de evitar o superaquecimento do organismo é pelo suor. Os capilares, minúsculos vasos sanguíneos próximos à pele, se expandem na tentativa de eliminar o calor.

Mas quando a umidade do ar é alta, a transpiração acaba se tornando menos eficaz porque o ar já está saturado de "água". Como resultado, o corpo não esfria e a temperatura aumenta, desencadeando uma série de protocolos de emergência para proteger as funções vitais.
 

Por outro lado, o suor excessivo pode levar à desidratação. Quando o corpo superaquece e fica desidratado, o sangue engrossa. Isso faz com que o coração precise usar mais força para bombear o sangue pelo corpo. Ele e outros órgãos podem ser seriamente danificados. Para cada aumento de 0,5°C na temperatura do corpo, a frequência cardíaca de uma pessoa normal aumenta 10 batimentos por minuto, segundo informações da revista Time, resultando em pulso acelerado e sensação de tontura.

Se a condição não for tratada com sombra, repouso e reposição de eletrólitos, pode haver insolação. Os órgãos começam a "desligar". O coração, sobrecarregado, pode entrar em parada cardíaca.

Existe um termo científico internacional para medir a capacidade de resistência do corpo ao calor: é o "Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo (IBUTG)" ("Wet Bulb Globe Temperature" - WBGT em inglês), que combina o cálculo do calor com o grau de umidade.

O "bulbo" é o depósito de mercúrio de um termômetro tradicional, envolto em um pano úmido, cuja evaporação serve para medir a temperatura úmida do ar. Já o "globo" é uma esfera oca pintada de preto que, presa a um termômetro, serve para medir a radiação térmica.

Especialistas calculam, em média, que um jovem perfeitamente saudável morrerá dentro de seis horas após a exposição a uma temperatura IBUTG de 35º C. Essa temperatura equivale a 35º C de calor seco e 100% de umidade, ou 46º C com 50% de umidade.

UTI, diálise: Quadro de Faustão se enquadra em 'prioridade de saúde' para receber um órgão; entenda

Nesse ponto crítico, o suor, a principal ferramenta do corpo para baixar a temperatura central, não consegue evaporar da pele, o que eventualmente leva à insolação, ao colapso dos órgãos internos e à morte.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter