TEMPERATURA

Calor pode ser fatal? Entenda o bulbo úmido e os limites de temperatura do corpo

Umidade elevada é fator crucial para agravamento dos problemas de saúde causados pelo estresse térmico

Uma mulher e crianças buscam alívio do calor de 42C registrado durante a semana passada em Bucarest, na RomêniaUma mulher e crianças buscam alívio do calor de 42C registrado durante a semana passada em Bucarest, na Romênia - Foto: Daniel Mihailescu/AFP

Nenhum extremo climático mata tanto quanto calor. Um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM) informou que entre 2000 e 2019, o calor matou 489 mil pessoas por ano no mundo. Mas, como a mortalidade associada ao calor não é corretamente notificada na maioria dos países, a OMS e a OMM estimam que o número real de mortes é, no mínimo, 30 vezes maior.

Isso significa que pelo menos 14.670.000 pessoas morrem por ano de calor no mundo. E esse número é anterior às temperaturas recordes e ondas de calor mais intensas e prolongadas registradas em 2023 (o ano mais quente da História da Humanidade) e 2024, que caminha para superar o ano anterior.

Cientistas destacam que raramente o atestado de óbito indica que uma pessoa morreu de calor. A causa pode ser um AVC, um infarto.

Como o calor mata
Na maioria dos casos são pessoas com doenças crônicas, como pacientes renais. Mas quem puxa o gatilho é o calor. Ele afeta portadores de doenças crônicas, como males do coração, renais e diabetes e faz com que muita gente morra antes da hora.

A temperatura do ar sozinha não é o melhor indicador dos extremos. A medida mais precisa do conforto térmico, ou seja, o quanto de fato as pessoas sentem, é a temperatura de bulbo úmido.

O cálculo do bulbo úmido
Ela é calculada pela combinação da temperatura com a umidade do ar. Mesmo uma pessoa saudável superaquecerá e poderá morrer se permanecer numa temperatura de bulbo úmido superior a 35 graus Celsius por mais de seis horas.

Os 35C de bulbo úmido equivalem a 45C com 50% de umidade, o que dá uma sensação térmica de 71C.

É um calor mais escorchante do que o medido em desertos, que são secos. Para se ter ideia do quão terrível essa temperatura é, as ondas de calor recentes nos EUA e na Europa têm ficado em torno de 30C de bulbo úmido.

No entanto, alguns lugares do mundo têm registrado valores térmicos acima do limite de risco. Exemplos são o Paquistão e países do Golfo Pérsico.

Por que a umidade é tão terrível
A umidade é um fator de risco porque dificulta a transpiração, um dos principais mecanismos de resfriamento do corpo humano.

O corpo consegue se manter suando a 45C com 20% de umidade. No entanto, se a umidade passar de 40%, essa combinação pode ser letal porque a capacidade de suar e assim dissipar calor, diminui.

O corpo humano precisa manter constante a temperatura interna a 36,5C, não importando a temperatura exterior. Em dias muito quentes, para conseguir isso o corpo fica sobrecarregado. A sensação de desconforto é grande. E é por isso que o calor pode causar lesões, agravar doenças preexistentes e, em alguns casos, matar.

Se a exposição ao calor extremo continuar, a situação pode progredir para um colapso. A primeira coisa a falhar é a capacidade de suar. E se não há socorro, a exaustão pode evoluir para um ataque por calor. A temperatura interna pode disparar e superar 42C, que é letal sem assistência imediata. A temperatura corporal elevada pode causar danos cerebrais e falhas nos órgãos.

O calor mata diretamente por hipertermia e não precisa se estar exposto ao sol para se sofrer um colapso por calor. Além disso, um estudo do grupo de Camilo Mora, da Universidade do Havaí, identificou 27 distúrbios pelos quais o calor pode matar ao prejudicar pelo menos cinco mecanismos fisiológicos diferentes.

Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte associada ao calor. Doenças respiratórias também podem se agravar durante ondas de calor e são a segunda causa de morte durante esses eventos.

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