Calorão: quais as principais preocupações e como minimizar os riscos envolvendo alimentos no verão
Nutricionista detalha qual prato é mais suscetível a contaminação e o que devemos evitar comer em dias mais quentes
Verão, calor, sol, praia, e, muitas doenças transmitidas por alimentos. Segundo especialistas, essa época do ano é a que tem mais casos desse tipo porque há uma brecha nos cuidados com a higienização deles que acabam virando um veículo de contaminação muito forte.
No início do ano, por exemplo, o surto de virose no litoral sul de São Paulo foi causado pela presença de norovírus, um grupo de vírus que aparece entre as causas mais comuns de gastroenterite, infecção no intestino e no estômago, viral.
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A transmissão ocorre pela via fecal-oral, ou seja, pela ingestão de água ou alimentos contaminados — mal preparados ou lavados com água imprópria para consumo. Mas o que podemos fazer para minimizar os riscos e quais são as principais preocupações que devemos ter?
Carnes, peixes e aves
A primeira coisa que temos que ter em mente é que todos os alimentos são repletos de microrganismos, benéficos e maléficos para a nossa saúde. O nosso organismo, através da nossa imunidade, consegue derrotá-los naturalmente na maioria das vezes.
O problema é quando consumimos alimentos com uma carga viral ou bacteriana muito grande e nosso sistema não consegue combatê-los.
— Certos alimentos são mais suscetíveis a ação desses microrganismos patogênicos (os que causam doenças), como os de origem animal: peixes, carnes, frangos, leites e derivados. Quando existe o abate, eles acabam sendo um veículo de atração para esses organismos. Por isso todos esses alimentos são conservados em uma temperatura abaixo dos 6° C, que é a temperatura da geladeira ou congelados (abaixo de 0 ºC) — explica a nutricionista e colunista do Globo, Priscilla Primi.
A especialista afirma que o congelamento e o resfriamento não matam as bactérias e vírus, como muitos acreditam, apenas os deixam adormecidos e inativos. Assim que expostos ao calor, esses patógenos começam a se multiplicar e contaminam o alimento — microbiologistas chamam essa etapa de zona de perigo que ocorre entre 10ºC e 60°C (essa faixa de temperatura é a mais apropriada para ocorrer a contaminação. Acima disso, alguns patógenos começam a morrer e quanto maior, melhor para eliminá-los).
Por este motivo, descongelar um alimento e voltar a congelá-lo sem usá-lo não é recomendado pela vigilância sanitária e demais órgãos de saúde, pois já ocorreu a proliferação bacteriana no alimento e é mais fácil contaminar outras pessoas.
— Quando o alimento for descongelado, o prepara, e faz ele passar por um processo de cocção. Por exemplo, uma carne moída descongelada, pode ser feito um Molho à bolonhesa com ela, e depois pode levar ao congelador novamente sem problemas — afirma a nutricionista.
Isso não quer dizer que o transporte de alimentos, por exemplo, do açougue ou do mercado, para a residência das pessoas, irá fazer mal. Como dito, na maioria dos casos, dependendo da carga viral e bacteriana, o nosso próprio sistema se defende, porém, quanto mais tempo ela ficar de fora do congelador, maior é o risco daquelas bactérias se proliferarem.
— É necessário evitar fazer o transporte de carne descongelada por muito tempo, evitar comer carnes e frangos após muito tempo descongelado, sobremesas que tenham recheio de creme, maionese caseira com a presença de ovos também. E até mesmo aquela famosa feijoada completa — diz Primi.
Frutas
No calor, tanto as frutas, como as hortaliças e legumes, tendem a amadurecer mais rápido, visto que as altas temperaturas aceleram a produção do etileno, hormônio que faz as frutas amadurecem de forma mais rápida.
— Uma alternativa para isso é colocá-las na geladeira. Até a banana pode conservar na geladeira que diminui um pouco o amadurecimento delas. É necessário lavá-las muito bem depois que chega de qualquer lugar com elas ou depois de colhê-las ou deixá-las imersas em uma solução clorada — sugere a especialista.
Água
O calor também pede aquele barzinho com os amigos e com isso, uma bebida gelada. Seja um drink, uma água, refrigerante ou suco. O cuidado nesse caso é com o gelo.
— Conseguimos saber pelo formato dele se são industriais ou não. Normalmente, aqueles que vem em grandes sacos lacrados são de boa procedência, porém, em praias, é comum as pessoas produzirem seus próprios gelos e não sabemos de onde vem essa água — alerta Primi.